poder

Lula pede a ministros cautela com eleições no Congresso

Em reunião, presidente prega prudência com a sucessão na Câmara e no Senado para que posicionamentos não prejudiquem as pautas do governo

Na reunião, que durou mais de sete horas, o presidente Lula se disse satisfeito com a equipe e descartou uma reforma ministerial no momento -  (crédito: Ricardo Stuckert / PR)
Na reunião, que durou mais de sete horas, o presidente Lula se disse satisfeito com a equipe e descartou uma reforma ministerial no momento - (crédito: Ricardo Stuckert / PR)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu "cautela" aos ministros ante a disputa pelas presidências no Congresso. "Temos uma Câmara que vai trocar de presidente, um Senado que vai trocar de presidente, e tudo isso tem que ter muita cautela, para que não tenha nenhuma incidência no funcionamento do governo", discursou, na reunião ministerial desta quinta-feira, no Palácio do Planalto.

A troca de chefia das duas Casas ocorrerá no ano que vem. No Senado, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), David Alcolumbre (União-AP), concorre incontestado. Na Câmara, porém, a disputa gira em torno de Elmar Nascimento (União-BA), Marcos Pereira (Republicanos-SP), Antonio Brito (PSD-BA) e Altineu Côrtes (PL-RJ).

Lula quer evitar uma indisposição com o atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que busca fazer seu sucessor — o nome que o deputado apoiará ainda não foi anunciado. Além disso, com as articulações em andamento, o chefe do Executivo quer manter um clima ameno com as demais legendas para aprovar suas pautas prioritárias até o fim do ano. Devido às eleições municipais, até novembro, haverá poucos dias de trabalho no Legislativo.

Entre as pautas, estão a regulamentação da reforma tributária, o Programa Acredita, o Marco Legal dos Seguros e o projeto de biocombustíveis. Lula depende de negociação com outros partidos, especialmente do Centrão, para aprovar as matérias.

No encontro, que durou mais de sete horas, Lula se disse satisfeito e otimista com a equipe e descartou uma reforma ministerial no momento. "Como fui eu que indiquei, se eu tiver que trocar alguém, vou trocar. E quero dizer para vocês, não estou pensando nisso. Em time que está ganhando, a gente não mexe", comentou.

Ele destacou que o tema deixou de aparecer na mídia. "Você vê que a imprensa não discute mais se vai trocar ministério. Vai trocar ministério? Não existe mais isso, porque quem troca ministério sou eu. Não é um jornalista, que pode não gostar de um ministro, sou eu."

Uma eventual troca nas pastas ganhou força após a Polícia Federal indiciar o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, por desvio de emendas eleitorais. A expectativa no governo, porém, é de que uma reforma só ocorra após as eleições municipais de outubro, quando ficará mais claro o desenho das forças partidárias.

Juscelino foi o único dos 38 ministros que não compareceu à reunião. Segundo sua assessoria, ele está na Colômbia representando o governo na Cúpula Latinoamericana de Inteligência Artificial, agenda marcada há meses.

PEC da Segurança

Temas mais recentes também entraram no discurso de Lula. Ele comentou a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Segurança, que aumenta a competência do governo federal na segurança pública e, especialmente, no combate ao crime organizado. A minuta inicial do texto foi discutida, na terça-feira, pelo presidente e pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, com outros titulares de pastas e com governadores.

O chefe do Planalto assegurou não querer tirar a autonomia dos estados — temor de grande parte dos governadores — e que os ouvirá antes de apresentar a proposta ao Congresso. Argumentou, porém, ser necessário usar as políticas de segurança para combater o crime organizado, classificado por ele de "multinacional de delitos".

"A gente não quer ter ingerência nem mandar. A gente quer compartilhar ações conjuntas com a definição concreta na Constituição do papel de cada um de nós. A reunião foi extraordinária, a gente está muito otimista", enfatizou Lula, em relação ao encontro de terça-feira. "Agora, a gente vai convidar os 27 governadores para que a gente possa fazer uma apresentação para eles." Ainda não há data para essa reunião.

 

 

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br

postado em 09/08/2024 03:55
x