A Polícia Federal indiciou o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), por corrupção e peculato, como revelou o portal UOL ontem. Ele é suspeito de ter recebido propina e de envolvimento em um esquema que desviava recursos de programas do governo quando foi vereador e vice-governador do estado. O irmão de criação do gestor, Vinicius Sarciá, também foi indiciado pelos mesmos supostos crimes.
O relatório da investigação da PF foi encaminhado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) no início de julho e está sob sigilo. O relator do caso, ministro Raul Araújo, encaminhou o parecer da PF à Procuradoria-Geral da República (PGR), que vai analisar se existem elementos para apresentar uma denúncia ou se há a necessidade de outras diligências.
Castro foi investigado na Operação Sétimo Mandamento. Em dezembro do ano passado, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão tendo como um dos alvos Sarciá, que, no governo do irmão, foi nomeado para trabalhar na Agência de Fomento do Rio. Ele saiu do posto quando se tornou investigado.
A defesa de Castro disse ontem, em nota, que entrará com um pedido de nulidade do relatório da PF. "Causa estranheza o fato de, em todos esses anos, o governador sequer ter sido convocado a prestar qualquer esclarecimento sobre os fatos. As informações que sustentam a investigação são infundadas, e a defesa reitera que tudo se resume a uma delação criminosa, de um réu confesso, em documentos que estão sob segredo de Justiça e continuam a serem vazados, o que vem sendo contestado junto aos Tribunais Superiores em razão de sua absoluta inconsistência", enfatizou. Já a defesa de Sarciá informou que não vai se manifestar, pois a investigação está sob sigilo.
O período apurado pela PF é de 2017 a 2020, quando Castro foi vereador e posteriormente vice-governador. A primeira citação de recebimento de pagamentos indevidos ocorreu em 2020, em uma das fases da Operação Catarata, em que eram investigados possíveis desvios em contratos de assistência social na administração do estado — acusação negada pelo gestor.
Segundo as apurações, o governador teria recebido propina em dinheiro vivo em casa, no estacionamento de um shopping, na casa de um assessor e na sede de uma companhia com contratos com o governo do Rio. Ele teria sacado, ainda, propina nos Estados Unidos, numa viagem à Disney, após depósito do empresário Bruno Salém, da Servlog Rio, empresa que mantinha contratos com a Fundação Leão XIII, órgão do governo estadual de assistência social. Salém citou Castro, em 2020, após ser preso em uma das fases da Operação Catarata.
O governador foi citado novamente por Marcus Vinícius de Azevedo, ex-assessor dele na Câmara do Rio, em delação à PGR, em agosto de 2020. Ele relatou a existência de repasses de propina a Castro. Azevedo era sócio da RioMix, empresa também investigada por desvio de recursos e pagamento de propinas.
A hipótese da PF é de que as licitações já tinham os escolhidos predefinidos, e uma das apurações foi centrada no programa Novo Olhar, que promovia consultas e exames oftalmológicos computadorizados e óculos de grau gratuitos a pessoas cadastradas.
Castro é o quarto governador seguido do estado a ser acusado de corrupção pela PF. Wilson Witzel, Luiz Fernando Pezão e Sérgio Cabral também foram formalmente acusados.