O presidente Luíz Inácio Lula da Silva (PT) disse que a fome "não é uma coisa natural". Ela existe por decisão política". O chefe do Executivo brasileiro reafirmou o compromisso da presidência brasileira do G20, grupo das maiores economias mundiais, em acabar com a fome, não apenas no Brasil, mas no mundo todo.
“A fome não é uma coisa natural, ela exige decisão política. Nós governantes não podemos só olhar para quem está perto, precisamos dizer aos nossos dirigentes políticos do mundo inteiro, olhem para os pobres, eles são seres humanos, são gente e querem uma oportunidade”, disse Lula de improviso no final do seu discurso.
A fala do presidente ocorreu durante a reunião de ministros do G20, no Rio de Janeiro, nesta quarta-feira (24/7), durante a última reunião do grupo de trabalho de combate à fome, no pré-lançamento da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, que acontece na presidência brasileira do grupo.
Lula ainda apontou que a mazela da fome atinge mais as mulheres e as crianças. “A fome tem o rosto de uma mulher e a voz de uma criança. Mesmo que elas preparem a maioria das refeições e cultivem boa parte dos alimentos, mulheres e meninas são a maioria das pessoas em situação de fome no mundo”, disse o líder brasileiro.
Segundo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) lançado, nesta quarta-feira (24/7), existem ainda 8,4 milhões de na condição de insegurança alimentar no país. Apesar do número elevado, Lula comemorou a redução de 85% em 2023 segundo o estudo da Organização para Agricultura e Alimentação da ONU (FAO).
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Super ricos
Durante o discurso o presidente brasileiro ainda apelou para os demais países se comprometam com a criação de regras comuns para a taxação efetiva dos super ricos no mundo. Ele ainda lembrou que a riqueza dos bilionários passou de 4% do PIB mundial para quase 14% nas últimas décadas.
“Alguns indivíduos controlam mais recursos do que países inteiros. Outros possuem até programas especiais próprios. Vários países enfrentam problema parecido: no topo da pirâmide, o sistema tributário deixa de ser progressivo e passa a ser regressivo”, disse Lula.
Além do projeto da aliança contra a fome, outra proposta do Brasil na previdência do G20 é criar um sistema global de taxação dos super ricos. “Os super ricos pagam proporcionalmente muito menos impostos que a classe trabalhadora”, disse o brasileiro.