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Lula compara ação de Israel em Gaza com pós-impeachment de Dilma

Presidente compara legado dos governos que vieram após o de Dilma Rousseff à devastação promovida pelas forças israelenses contra os palestinos na guerra aos terroristas do Hamas. Críticas vão na direção de Bolsonaro, Temer e Netanyahu

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparou a situação do Brasil no período pós-impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff à destruição da Faixa de Gaza promovida pelas forças israelenses na guerra contra o grupo terrorista Hamas. Ao anunciar, ontem, investimentos para a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), criticou os governos Temer e Bolsonaro — sem citar os dois ex-presidentes — e atribuiu a eles o desmonte nos investimentos na saúde e na educação.

“O que eles fizeram depois do impeachment da Dilma é o que o (primeiro-ministro Benjamin) Netanyahu está fazendo na Faixa de Gaza, na Palestina. O que eles fizeram com este país foi um pouco isso. Neste final de semana, morreram 70 pessoas na Faixa de Gaza. No final de semana passado, morreram mais 90. E quem é que está morrendo? É soldado? Não. É terrorista? Não. São mulheres e crianças, vítimas de ataques todo santo dia, de um governo que já foi condenado pelo tribunal internacional”, acusou, na celebração dos 10 anos do campus Lagoa do Sino, em Buri (SP).

A menção aos ataques israelenses a Gaza, e a citação a Netanyahu, é retomada depois de meses de silêncio do presidente sobre o assunto por recomendação de auxiliares diretos do Palácio do Planalto. Em fevereiro passado, Lula fez uma série de críticas à campanha militar de Israel na Palestina ao ponto de ser considerado “persona non grata” pelo governo de Tel Aviv.

“O mesmo tribunal que condenou o (o presidente da Rússia, Vladimir) Putin pela guerra da Ucrânia condenou Israel porque está fazendo isso com a Faixa de Gaza. E não é o povo de Israel, porque o povo de Israel também não quer guerra. O povo de Israel quer paz. É o governo que é irresponsável e sequer respeita as decisões da ONU”, acrescentou, lembrando o pedido de prisão de Netanyahu pela Procuradoria do Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia (Holanda), em maio. A solicitação, porém, se estende também a três chefes do Hamas.

Cobrança a Milei

Mas o primeiro-ministro israelense não foi o único alvo das críticas de Lula nas últimas horas. Na conversa que teve com correspondentes internacionais, na segunda-feira, no Palácio do Planalto, ele voltou a cobrar do presidente argentino, Javier Milei, um pedido formal de desculpas sob pena de que a animosidade entre eles ponha em risco o relacionamento entre os dois países.

“Já falei isso: ele tem que pedir desculpas ao Brasil, senão a relação é complicada. Você pode falar a bobagem que quiser falar, desde que você respeite o direito dos outros. É assim que faço política internacional. Ele passou por mim, na reunião do G7 (grupo que reúne as nações mais industrializados do mundo e cuja cúpula se realizou em junho, na Itália) e me cumprimentou. Estava até de costas conversando com o meu pessoal. Não tenho nenhum problema”, observou.

Lula não escondeu o incômodo com o fato de que o presidente argentino esteve no Brasil, há duas semanas, para participar de uma reunião do braço brasileiro da CPAC (sigla em inglês para Conservative Political Action Conference), em Balneário Camboriú (SC). Lá, Milei encontrou-se com o ex-presidente Jair Bolsonaro, seu aliado.

“Se ele achou que é esse o papel do presidente, tudo bem. Quem vai julgá- lo não sou eu, é o povo argentino”, pontuou Lula.

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