A disputa entre Guilherme Boulos e Ricardo Nunes tem como pano de fundo a nacionalização das eleições municipais de outubro — e a aposta na polarização que opõe o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Isso representa que temas que são preocupação em todo o país farão parte da campanha e dos debates na tevê, e se repetirá em várias capitais e grandes cidades.
Na primeira sabatina a que se submeteram, do portal UOL, essa nacionalização ficou evidente. Boulos foi cobrado sobre o parecer que deu contra a cassação do deputado André Janones (Avante-MG) — apoiador de Lula na eleição de 2022, o parlamentar é acusado da prática de "rachadinha" em seu gabinete. Nunes, por sua vez, foi indagado se reconhecia no 8 de janeiro de 2023 uma tentativa de golpe de Estado — ao que respondeu negativamente, em claro aceno aos eleitores bolsonaristas.
A campanha de Boulos tenta agregar temas nos quais as candidaturas de esquerda habitualmente patinam — como a segurança pública. Segundo o candidato apoiado por Lula, caso chegue à prefeitura paulistana prometeu ampliar e fortalecer a Guarda Civil Metropolitana (GCM). Disse, ainda, que dobrará o contingente da corporação, que hoje conta com 7,6 mil agentes, e implementará câmeras corporais para auxiliar na vigilância — uma evidente oposição ao governador Tarcísio de Freitas, crítico do uso do equipamento no policiamento ostensivo.
Já Nunes se apresenta como uma corrente de transmissão do bolsonarismo na capital paulista, e pretende ter uma conexão ainda mais próxima como o Palácio dos Bandeirantes. Isso, apesar do mal-estar de, na sabatina do UOL, ter negado que a mulher, Regina Carnovale Nunes, tenha registrado contra ele boletim de ocorrência por violência doméstica. Horas depois da afirmação que fizera, a Secretaria de Segurança de São Paulo o desmentiu afirmando que o documento existia.
Nunes, inclusive, não receberá ataques apenas de Boulos na campanha eleitoral. O apresentador José Luiz Datena, candidato do PSDB, já deu a entender que vai buscar votos em cima do atual prefeito para tentar chegar ao segundo turno. Na mesma sabatina, além de ter-se dito amigo do candidato do PSol, afirmou que Nunes é "péssimo gestor".
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