Eleições

Em ato no Rio, Ramagem insiste em discurso de perseguição política

Deputado é pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro e tem 9% das intenções de voto. Ele e Jair Bolsonaro são alvos de investigação sobre suposto uso da Abin para espionagem ilegal

O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), voltou a insistir, nesta sexta-feira (19/7), no discurso de perseguição política por conta de seu apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro. A declaração ocorreu em um ato público de pré-campanha no Calçadão de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. 

“Temos um (ex-) presidente apoiado por multidões, e o outro, que não consegue sair na rua, foi eleito. O que aconteceu? O sistema se voltou contra todos nós. Todos nós”, disse. “Tentaram nos tirar das ruas, nos calar nas redes sociais. Mas eles não vão conseguir. A direita está cada dia mais forte”, emendou. 

Bolsonaro e Ramagem são alvos de uma investigação sobre uma suposta espionagem ilegal na Abin. No evento desta sexta-feira, o deputado também atacou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, buscando nacionalizar a pré-campanha contra o prefeito Eduardo Paes (PSD). “Esse prefeito fala que é soldado do Lula. Nunca fez nada pela segurança pública”, frisou. 

O discurso de Bolsonaro durou cerca de 30 minutos. Ele não fez nenhum pedido de voto  — que é proibido pela legislação antes do início oficial da campanha, em 16 de agosto —, mas exaltou o aliado para a Prefeitura do Rio de Janeiro. 

“Um abraço especial ao meu amigo Ramagem. Não vou falar nada mais do que isso. Deus te dê força para superar os obstáculos”, disse. “O atual prefeito aqui vai ter o PT do seu lado. Comparem meus quatro anos com 14 anos do PT lá atrás e mais 1 ano e meio agora”, completou.

Abin paralela 

O ex-presidente Jair Bolsonaro tem sido o principal cabo eleitoral de Ramagem para as eleições municipais deste ano. Nesta semana, eles gravaram um vídeo juntos para divulgar os atos pelo estado. Até então, o ex-diretor da Abin corria o risco de perder apoio para a candidatura por ser o responsável por gravar a reunião que teve sigilo derrubado nesta semana pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). 

O registro mostra que Ramagem, Bolsonaro, general Augusto Heleno e duas advogadas estiveram juntos para discutir um plano para blindar o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) na investigação que apura o suposto esquema da "rachadinha" na época em que o filho do ex-presidente era deputado na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). 

A manutenção do apoio é considerada uma vitória de Flávio, o principal articulador da campanha do ex-diretor da Abin. Faltando apenas três meses para as eleições municipais, o atual prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, aparece com 53% das intenções de voto, segundo o Datafolha. Ramagem tem somente 9%. 

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