Relações diplomáticas

Lula diz que Venezuela elege quem quiser mesmo após ameaças de Maduro

Presidente declara que "Brasil tem de gostar de todo mundo", dias após fala de Maduro de que haverá um 'banho de sangue' se ele perder

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta sexta-feira (19/7) que a Venezuela é “livre para eleger quem quiser”. A declaração ocorre dois dias após o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, ter dito que pode haver um “banho de sangue” ou uma “guerra civil” caso ele perca as eleições.

“Por que eu vou querer brigar com a Venezuela? Por que eu vou querer com Nicarágua? Por que eu vou querer com a Argentina? Eles que elejam os presidentes que quiserem. O que me interessa é a relação de Estado para Estado, o que que o Brasil ganha e o que que o Brasil perde nesta relação”, comentou o petista.

O chefe do Executivo destacou que o Brasil mantém uma boa relação com todos e que seria o único país do mundo sem disputas com outras nações.

“Uma coisa que o Brasil tem que ninguém tem: não tem nenhum país do mundo sem contencioso com ninguém como o Brasil. Não existe. Todo mundo gosta do Brasil, e o Brasil tem que gostar de todo mundo”, afirmou o presidente.

As declarações foram dadas durante cerimônia de anúncio de investimentos em obras nas rodovias Via Dutra (BR-116) e Rio-Santos (BR-101), em São José dos Campos (SP).

Também participaram da solenidade os ministros Geraldo Alckmin (Indústria), Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), Renan Filho (Transportes), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia) e Fernando Haddad (Fazenda).

O presidente aproveitou a ocasião para alfinetar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Sem mencionar o nome do antigo chefe do Executivo Federal, disse que ele era evitado nos encontros internacionais, o que levou o Brasil, segundo Lula, a ser relegado a um papel secundário no cenário global. Disse ainda que na gestão petista, a imagem internacional do país foi recuperada. “Se no ano passado eu fui ao mundo, agora não preciso mais, o mundo vem ao Brasil”, frisou, dando o recado de que deve realizar menos viagens internacionais no resto do mandato.

Venezuela

O presidente Nicolás Maduro, que concorre à reeleição na Venezuela, deu declarações de que o país sul-americano pode passar por um “banho de sangue” e uma “guerra civil” se ele não conseguir alcançar a reeleição. O processo eleitoral no país é visto com desconfiança por observadores internacionais depois de uma série de denúncias de perseguição e prisão de opositores ao atual governo.

Lula é um dos últimos interlocutores de Maduro na região, mas o petista, apesar de dizer que o país vizinho precisa garantir eleições transparentes e democráticas, têm sido cobrado para que tenha uma postura mais dura com o líder venezuelano depois das diversas denúncias de tentativas de manipulação no pleito com a perseguição da oposição.

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