O deputado Chico Alencar (PSol-RJ) foi o único parlamentar entre os 35 integrantes titulares e suplentes do Conselho de Ética a participar e interrogar as nove testemunhas que depuseram nos últimos dias no caso da morte de Marielle Franco no colegiado, que julga o futuro do mandato de Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), acusado de ser um dos mandantes da morte da vereadora do PSol. Além dele, a relatora da ação Jack Rocha (PT-ES) esteve atuante em todas oitivas. O presidente do conselho, Leur Lomanto Jr (União-BA), dirigiu quase todas essas reuniões.
Foram três dias e quase 15 horas de depoimentos, importantes para a instrução do processo e para se formar convicções pela inocência ou responsabilidade de Brazão no crime que vitimou Marielle e seu motorista, Anderson Gomes. Ao Correio, Chico Alencar lamentou a apatia de seus colegas de conselho, que, mesmo nesse recesso da Casa, poderiam ter participado de forma remota, como ele interagiu nas reuniões.
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Para o deputado do PSol, o conselho precisa de uma "chacoalhada" e afirmou que a "maioria está acomodada ou o caso Brazão queima nas suas consciências". A seguir, trechos da entrevista.
O sr. foi o único deputado do Conselho a acompanhar e participar efetivamente do depoimento das nove testemunhas do caso de Chiquinho Brazão, além da relatora Jack Rocha e do presidente. Como avalia a ausência e desinteresse de seus colegas?
O Conselho de Ética está precisando de uma chacoalhada. Porque, a despeito dos esforços do presidente (Leur Lomanto Jr) e da relatora (Jack Rocha), e de uns pouquíssimos, parece que a maioria está acomodada. Ou o caso Brazão queima nas suas mãos e consciência, como uma brasa viva.
Preferem não se comprometer?
Não querem se meter. Não ajudam na instrução do processo. Até para absolver o colega - injustiça que fosse, é legítimo alguns pensarem assim. Mas, não. Optam pela omissão, pelo alheamento.
E ainda tem a apresentação do relatório pela cassação ou não do mandato.
Sim. Vamos ver se pelo menos na discussão do relatório final - a relatora vai fechar no dia 5 de agosto, depois tem alegação (das partes) - e entra na pauta para a decisão. Espero que tenha então um quórum pleno e um bom debate sobre a questão. Que tem a ver com o Parlamento, com nossa postura enquanto agentes públicos, com a questão política. Nenhum caso no Conselho de Ética se encerra nele mesmo. Traz lições sobre o aperfeiçoamento democrático, o espírito público, sobre a necessária fronteira entre o privado e o público. Sobre civilidade na política. É disso que se trata. Vamos ver.
O sr. ainda acredita que o Conselho funcione plenamente?
Eu ainda espero isso. No Conselho temos mandato de dois anos, para que a gente aja na plenitude. Agora, não aparecer nessas oitivas tão decisivas, inclusive podendo estar online, na sua fazenda, no seu passeio ou onde quer quer fosse. Já que estamos nesse recesso antecipado, "branco", da Câmara, não seria tão difícil assim, né? Mas nem assim! Mais do que vida parlamentar, às vezes é vida 'prá lamentar'.
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