O deputado federal Alexandre Ramagem, pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro pelo PL, prestou depoimento à Polícia Federal durante mais de seis horas nesta quarta-feira (17/7). Ele foi ouvido pelas equipes policiais sobre a existência de um esquema de espionagem na Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Ramagem, que era diretor-geral da Abin na época, é o principal suspeito de envolvimento no esquema criminoso. Ele nega as acusações.
A Polícia Federal descobriu que autoridades dos Três Poderes, advogados e jornalistas foram espionados ao longo de vários meses. O monitoramento ilegal ocorreu principalmente por meio do sistema First Mile, de origem israelense e que foi comprado pelo governo brasileiro alegando necessidade de usar em investigações.
Um dos questionamentos feitos a Ramagem é sobre um encontro dele com o atual diretor da agência, que teria ocorrido no ano passado. Além disso, ele foi indagado sobre uma reunião que ocorreu em 2020, com a presença de Jair Bolsonaro e de uma advogada que representava o senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente.
No encontro, foram discutidas estratégias para tentar blindar Flávio de investigações sobre um suposto esquema de rachadinha. Tudo foi registrado em áudio por ramagem e a gravação foi encontrada pela Polícia Federal. A gravação tem uma hora e oito minutos e está descrita no relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) que permitiu a deflagração da operação Última Milha, que mira o esquema de espionagem ilegal na Abin.
As investigações apontam que a chamada Abin Paralela seria usada para "encontrar podres" de servidores da Receita Federal, para que eles fossem afastados e isso fosse usado na defesa do senador. A ideia teria partido de Ramagem. Uma advogada de Flávio Bolsonaro também estava presente.
A PF aponta que o esquema foi colocado em prática e indica que a Abin paralela era usada em favor de Bolsonaro e seus familiares. O inquérito está avançado e os investigadores reúnem mais provas para comprovar a existência das atividades ilegais. Até agora, as principais linhas de investigação apontam para o uso político da estrutura da agência. O objetivo seria encontrar situações que desabonasse críticos do governo ou criar informações falsas para atacar personalidades que pudessem prejudicar eventual reeleição de Jair Bolsonaro.
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