O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) utilizou o avião presidencial para levar esculturas e joias sauditas para venda nos Estados Unidos. A informação consta nos relatórios da Polícia Federal (PF), que foram retirados do sigilo nesta segunda-feira (8/7) por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A investigação aponta que o envio e tentativa de venda das peças foi organizado por Mauro Cesar Cid, Osmar Crivelatti e Marcelo Camara. Já a execução das vendas foi realizada pelo pai de Cid, o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid, que mora em Miami, na Florida (EUA). “Os elementos colhidos evidenciaram que as esculturas foram evadidas do Brasil em uma mala transportada no avião presidencial, no dia 30 de dezembro de 2022”, diz trecho de relatório da PF sobre a tentativa de venda das esculturas. A obra de palmeira não tem identificação de procedência e a de um barco foi recebida por Bolsonaro durante participação no Seminário Empresarial da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, que ocorreu em 16 de novembro de 2021 em Manama, no Barhein.
- Leia também: Bolsonaro sobre gasto em lotérica: "PF continue investigando meus pix"
- Leia também: Esquema das joias movimentou R$ 6,8 mi; Bolsonaro recebeu dinheiro vivo, diz PF
Anteriormente, também foram enviados aos EUA utilizando avião presidencial o "kit ouro branco", em junho de 2022, e o de "ouro rose", em dezembro do mesmo ano. O primeiro refere-se ao conjunto de joias com anel, abotoaduras, rosário islâmico e um relógio da marca Rolex, de ouro branco, entregue a Bolsonaro durante visita oficial à Arábia Saudita, em outubro de 2019. Já o segundo é o conjunto de itens masculinos da marca Chopard que continha uma caneta, um anel, um par de abotoaduras, um rosário árabe e um relógio, que foram recebidos pelo então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, durante viagem a Arábia Saudita em outubro de 2021.
"Segundo destaca a autoridade policial, o RAPJ n- 2673382/2023 indicou a utilização do avião presidencial para a retirada de bens de alto valor recebidos pelo ex-Presidente da Republica JAIR MESSIAS BOLSONARO em razão do cargo. No caso especifico do 'KIT ROSE', a saída com os bens teria ocorrido ao final de dezembro de 2022.
No entanto, em analise complementar, há elementos que indicam que o mesmo comportamento já teria ocorrido anteriormente, em junho do ano de 2022, em relação ao denominado 'KIT OURO BRANCO'", diz trecho do documento da PF.
Ao menos três conjuntos chegaram aos EUA e foram enviados para lojas especializadas na avaliação de joias na Flórida, Pensilvânia e Nova Iorque. No entanto, nem todas peças foram vendidas, como é o caso das duas esculturas, que só tinham uma parte de ouro. Já o relógio Rolex foi vendido e, depois da justiça determinar a devolução de todos itens "personalíssimos" (dados de presente ao presidente durante o mandato), foi recomprado.