O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu, nesta terça-feira (2/7), uma maior participação do governo na segurança pública, concomitante à atuação dos estados. O chefe do Executivo previu ainda resistência por parte de governadores em relação à proposta de emenda à Constituição (PEC) sugerida pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, que propõe a inclusão do Sistema Único de Segurança Pública (Susp) sob coordenação da União.
Governo vai anunciar plano para segurança pública, diz Lula
Lula alegou ainda que os "estados sozinhos não dão conta" de enfrentar o crime organizado. "É necessário o governo federal participar, não apenas com repasse de dinheiro. Eu estou favorável que a gente tenha mais Polícia Federal, que a gente possa participar mais do processo de segurança, sobretudo no combate ao crime organizado, ao narcotráfico, às facções, porque hoje tomou conta do Brasil.", disse em entrevista pela manhã à Rádio Sociedade, em Salvador.
"Se você for no garimpo de Roraima, vai enfrentar o narcotráfico, o crime organizado. Se você for ao Acre, vai enfrentar o crime organizado. Então, é uma coisa mais delicada e eu acho que os estados, sozinhos, não dão conta. O que nós queremos é fazer uma proposta de aprovar uma PEC que define o papel de cada um, mas que a gente dê ao povo a certeza que a gente vai ter mais segurança pública ao país", afirmou.
Segundo o petista, uma reunião para debater o assunto deve ocorrer em até 15 dias.
"Em 10 a 15 dias, vou chamar Lewandowski e todos os ministros (...) para que a gente possa fazer uma proposta de segurança pública sabendo que a gente vai enfrentar a recusa de muitos governadores".
Ele disse também que "muitas vezes, os coronéis que cuidam da PM não obedecem a orientação do governador" e "agem com agressividade desnecessária".
"A gente vai enfrentar a recusa de muitos governadores porque muitos reclamam da segurança pública, mas não querem abrir mão do controle das polícias civil e militar. Quem foi governador sabe, é muito difícil cuidar da segurança pública e, muitas vezes, os coronéis que mandam na Polícia Militar não obedecem orientação do governador, muitas vezes têm agressividade desnecessária, então nós precisamos repensar", acrescentou.
Lula negou "ingerência". "Muitos reclamam da segurança, mas não querem abrir mão do controle da polícia. Não queremos ter ingerência. O que queremos saber é se é necessário o governo federal participar não só com repasse de dinheiro", continuou.
Por fim, Lula voltou a alfinetar a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por ter liberado armas e ter "avacalhado" o controle da venda de armas.
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