Venezuela

Lula: "Não tem nada de grave e assustador" no resultado das eleições venezuelanas

"É normal que tenha uma briga. Como resolve essa briga? Apresenta a ata", comentou o presidente brasileiro nesta terça-feira (30/7)

"Na hora que tiverem apresentado as atas, e for consagrado que a ata é verdadeira, todos nós temos a obrigação de reconhecer o resultado eleitoral da Venezuela", destacou Lula - (crédito: Ricardo Stuckert / Pr)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se pronunciou pela primeira vez nesta terça-feira (30/7) sobre o resultado da eleição presidencial na Venezuela. O chefe do Executivo disse que “não tem nada de grave e assustador” no resultado das eleições venezuelanas e que, para “resolver a briga”, é preciso que o governo de Nicolás Maduro apresente as atas. 

"É normal que tenha uma briga. Como resolve essa briga? Apresenta a ata. Se a ata tiver dúvida entre a oposição e a situação, a oposição entra com um recurso e vai esperar na Justiça o processo. E vai ter uma decisão, que a gente tem que acatar. Eu estou convencido que é um processo normal, tranquilo", afirmou o petista, em entrevista no Palácio da Alvorada à TV Centro América, afiliada da TV Globo no Mato Grosso.

"Na hora que tiverem apresentado as atas, e for consagrado que a ata é verdadeira, todos nós temos a obrigação de reconhecer o resultado eleitoral da Venezuela", alegou.

Na noite de segunda-feira (29), o PT divulgou uma nota em que reconhece a vitória de Nicolás Maduro nas eleições da Venezuela.

“Importante que o presidente Nicolás Maduro, agora reeleito, continue o diálogo com a oposição, no sentido de superar os graves problemas da Venezuela, em grande medida causados por sanções ilegais”, diz a nota.

Ainda no texto, o PT demonstra apoio a Maduro e ao resultado, pontuando que a eleição foi uma “jornada pacífica, democrática e soberana”. Além disso, garante ter “certeza” de que o CNE, que vem sendo acusado de ocultar dados públicos, “dará tratamento respeitoso para todos os recursos que receba”.

Ao comentar a nota, Lula reforçou que o pleito venezuelano “não tem nada de grave e assustador”.

"O PT reconheceu, a nota do Partido dos Trabalhadores reconhece, elogia o povo venezuelano pelas eleições pacíficas que houveram. E ao mesmo tempo ele reconhece que o colégio eleitoral, o tribunal eleitoral já reconheceu o Maduro como vitorioso, mas a oposição ainda não. Então, tem um processo. Não tem nada de grave, não tem nada de assustador. Eu vejo a imprensa brasileira tratando como se fosse a 3ª Guerra Mundial. Não tem nada de anormal. Teve uma eleição, teve uma pessoa que disse que teve 51%, teve uma pessoa que disse que teve 40 e pouco por cento. Um concorda, o outro, não. Entra na Justiça e a Justiça faz”, disse o presidente à publicação.

Questionado se o PT se precipitou com a nota, disse que apesar de ser do mesmo partido, a sigla “não tem que pedir licença” para ele. “Não, eu acho que o PT fez o que tem de fazer. O PT não tem de pedir para o governo para fazer as coisas. O PT é um partido que tem autonomia, embora seja o meu partido, não precisa pedir licença para mim: “Lula, eu posso fazer isso?”. Não. Faça o que você se sentir melhor fazendo”.

Lula afirmou ainda que há uma proposta que está sendo costurada de que Brasil, México e Colômbia assinem uma nota conjunta

"Na hora que tiver apresentado as atas, e for consagrado que a ata é verdadeira, todos nós temos a obrigação de reconhecer o resultado eleitoral da Venezuela. Há uma proposta que está sendo feita de que Brasil, México e Colômbia assinassem uma nota conjunta. Não acho que é necessário muita coisa não", disse.

Lula alegou também que é necessário “acabar com a ingerência externa nos outros países”.
“É necessário apenas o seguinte: presidente Maduro sabe perfeitamente bem que, quanto mais transparência houver, mais chance ele terá de ter tranquilidade para governar a Venezuela. Porque nós, eu enquanto cidadão do planeta Terra, cidadão brasileiro, enquanto presidente, acho que é preciso acabar com a ingerência externa nos outros países", emendou.

"Acho que a Venezuela tem o direito de construir o seu modelo de crescimento e de desenvolvimento sem que haja um bloqueio. Um bloqueio que mata Cuba há 70 anos, que penaliza o Irã, a Venezuela. Cada um constrói o seu processo democrático, cada um tem o seu processo eleitoral", completou.

O Brasil ainda não emitiu um posicionamento sobre o reconhecimento das eleições. Ontem, o Itamaraty afirmou que aguarda a divulgação de dados oficiais sobre a eleição presidencial na Venezuela para se posicionar sobre o resultado.

Ainda hoje, Lula deve se reunir com o enviado à Venezuela, o assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, embaixador Celso Amorim, que retornou nesta terça-feira ao Brasil, e com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.

 

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postado em 30/07/2024 18:09 / atualizado em 30/07/2024 20:10
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