O ex-secretário da Receita Federal José Tostes Neto não compareceu, nesta segunda-feira (29/7), à sede da Polícia Federal, em Brasília, para prestar depoimento na investigação da chamada Abin Paralela, que apura o uso da Agência Brasileira de Inteligência para espionagem ilegal durante o governo de Jair Bolsonaro. A oitiva, agendada inicialmente para semana passada, havia sido remarcada a pedido do próprio Tostes. Até o momento, ele não deu justificativas para a ausência.
Até o momento, a operação da PF resultou na prisão de quatro pessoas, suspeitas de envolvimento em um esquema de espionagem ilegal na Abin. Tostes foi citado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro na gravação em que é discutido um plano para blindar o senador Flávio Bolsonaro (PL-SP) na investigação sobre a “rachadinha” (desviar recursos de seu gabinete).
Em 2020, Flávio foi denunciado no esquema da "rachadinha" à época em que era deputado na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).
A reunião, que teve sigilo derrubado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), durou 1 hora e 8 minutos e foi gravada pelo ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem.
Na ocasião, ele propõe abrir procedimentos administrativos contra os auditores fiscais que investigaram o senador para anular as investigações, e Bolsonaro concorda. A estratégia foi posta em prática, e o processo contra Flávio foi arquivado em 2022.
"O secretário da Receita é um cara muito bom", diz Ramagem em dado momento da conversa.
"Ninguém está pedindo favor aqui (inaudível). É o caso conversar com o chefe da Receita? O Tostes", diz Bolsonaro pouco depois.
O ex-presidente sugeriu conversar com o chefe da Receita e depois disse que iria falar com o então chefe do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) para "resolver o assunto".
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br