CONJUNTURA

Aliado de Moraes é escolhido corregedor-geral da Abin

Delegado que atuou no TSE será responsável por conduzir processos que apuram irregularidades cometidos no âmbito da agência

Argumento para o Abicast é divulgar as atividades da agência e aprofundar, um pouco mais, que tipo de acompanhamento os agentes realizam     -  (crédito: Antônio Cruz/Agência Brasil)
Argumento para o Abicast é divulgar as atividades da agência e aprofundar, um pouco mais, que tipo de acompanhamento os agentes realizam - (crédito: Antônio Cruz/Agência Brasil)

O delegado José Fernando Moraes Chuy, aliado do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi escolhido pela diretoria da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para ser corregedor-geral da entidade. Ele deve assumir o cargo no dia 1° de setembro, quando acaba o atual mandato da responsável.

Chuy vai substituir  a oficial de inteligência Lidiane Souza dos Santos, de acordo com informações reveladas pela Folha de S. Paulo e confirmadas pelo Correio junto a fontes no governo. Ela está no cargo desde 2022, quando foi indicada pelo ex-diretor da Abin Victor Carneiro, apontado como um nome próximo ao deputado federal Alexandre Ramagem, que chefiou o órgão durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ramagem é investigado em um inquérito que corre no Supremo e apura a existência de um esquema ilegal de espionagem montado na agência - chamado de Abin paralela. Os alvos da espionagem foram políticos, ministros do Supremo, advogados, jornalistas e outros críticos do governo da época.

Fernando Chuy atuou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) quando a corte estava sob o comando do ministro Alexandre de Moraes. Ele foi escolhido pelo magistrado para comandar a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação, criada na gestão do ministro e que ganhou grande relevância nos trabalhos da Justiça Eleitoral durante as últimas eleições. Assim que for investido no cargo, ele ficará responsável por conduzir processos de apuração interna de irregularidades, como o caso da espionagem ilegal.

O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, precisa dar aval para a ida de Chuy. A atual ocupante do cargo poderia ter o mandato renovado. No entanto, dentro da agência oficiais de inteligência dizem que isso não vai acontecer em razão das últimas denúncias envolvendo a espionagem ilegal. 
O delegado Chuy também foi secretário-executivo do Conselho Nacional de Combate à Pirataria, do Ministério da Justiça, no governo Temer, quando Moraes estava à frente da pasta, antes de ser indicado para uma vaga na suprema corte. 
Em nota, a União dos Profissionais de Inteligência de Estado da Abin (Intelis), afirmou que a indicação de alguém de fora dos quadros da agência para a vaga de corregedor é sinal de "desprestígio" com os servidores. "Consideramos preocupante, injustificada e um desprestígio dos servidores orgânicos da ABIN a possível indicação de um Corregedor-Geral do órgão oriundo de fora dos quadros da Agência", diz o texto.
A entidade afirma que a investigação sobre o esquema ilegal de espionagem dentro da agência foi iniciada pela corregedoria interna. "Devemos lembrar que a atual investigação sobre o uso indevido do software First Mile pela estrutura que parasitou a ABIN foi iniciada pela própria corregedoria interna, então liderada por uma Oficial de Inteligência. A representação policial da quarta fase da Operação Última Milha pede o
compartilhamento de dados da investigação com a corregedoria da ABIN, em prova inequívoca de que os investigadores reconhecem a total cooperação da unidade com a Polícia Federal e a CGU", ressalta a manifestação .
Por fim, a entidade destaca que entre seus quadros tem pessoal capacitado para ocupar a função. "Temos certeza que a instituição possui excelentes quadros para ocupar a função e por isso consideramos irrazoável e nos preocupa as consequências de uma indicação como essa em uma instituição
republicana", completa o texto.
 

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postado em 22/07/2024 17:49
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