Depoimento

Ramagem depõe por mais de seis horas na Polícia Federal

Um dos questionamentos feitos a ele foi sobre a reunião em que supostamente se discutiu uso da Abin para beneficiar Flávio Bolsonaro

O político foi diretor-geral da Abin durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro -  (crédito: Fernando Frazão/Agência Brasil)
O político foi diretor-geral da Abin durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro - (crédito: Fernando Frazão/Agência Brasil)

O deputado federal Alexandre Ramagem, pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro pelo PL, prestou depoimento à Polícia Federal durante mais de seis horas nesta quarta-feira (17/7). Ele foi ouvido pelas equipes policiais sobre a existência de um esquema de espionagem na Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Ramagem, que era diretor-geral da Abin na época, é o principal suspeito de envolvimento no esquema criminoso. Ele nega as acusações.

A Polícia Federal descobriu que autoridades dos Três Poderes, advogados e jornalistas foram espionados ao longo de vários meses. O monitoramento ilegal ocorreu principalmente por meio do sistema First Mile, de origem israelense e que foi comprado pelo governo brasileiro alegando necessidade de usar em investigações.

Um dos questionamentos feitos a Ramagem é sobre um encontro dele com o atual diretor da agência, que teria ocorrido no ano passado. Além disso, ele foi indagado sobre uma reunião que ocorreu em 2020, com a presença de Jair Bolsonaro e de uma advogada que representava o senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente.

No encontro, foram discutidas estratégias para tentar blindar Flávio de investigações sobre um suposto esquema de rachadinha. Tudo foi registrado em áudio por ramagem e a gravação foi encontrada pela Polícia Federal. A gravação tem uma hora e oito minutos e está descrita no relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) que permitiu a deflagração da operação Última Milha, que mira o esquema de espionagem ilegal na Abin.

As investigações apontam que a chamada Abin Paralela seria usada para "encontrar podres" de servidores da Receita Federal, para que eles fossem afastados e isso fosse usado na defesa do senador. A ideia teria partido de Ramagem. Uma advogada de Flávio Bolsonaro também estava presente.

A PF aponta que o esquema foi colocado em prática e indica que a Abin paralela era usada em favor de Bolsonaro e seus familiares. O inquérito está avançado e os investigadores reúnem mais provas para comprovar a existência das atividades ilegais. Até agora, as principais linhas de investigação apontam para o uso político da estrutura da agência. O objetivo seria encontrar situações que desabonasse críticos do governo ou criar informações falsas para atacar personalidades que pudessem prejudicar eventual reeleição de Jair Bolsonaro.

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br

postado em 17/07/2024 22:37
x