relações exteriores

Lula reforça apoio para a Venezuela voltar ao Mercosul

Mas, para isso, presidente enfatiza que resultado da eleição no país vizinho — que feriu a cláusula democrática do bloco e está afastado por causa disso desde dezembro de 2016 — seja respeitado

Visita de Lula teve por objetivo celebrar a entrada da Bolívia no bloco e reforçar apoio a Arce, que dias atrás debelou uma quartelada -  (crédito: Ricardo Stuckert/PR)
Visita de Lula teve por objetivo celebrar a entrada da Bolívia no bloco e reforçar apoio a Arce, que dias atrás debelou uma quartelada - (crédito: Ricardo Stuckert/PR)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou, ontem, o desejo de que a Venezuela, volte, o quanto antes, a fazer parte do Mercosul. O país foi suspenso em dezembro de 2016 por ferir a chamada "cláusula democrática" do bloco — que prevê que a nação que romper com a normalidade institucional deverá ser afastado.

"O bom funcionamento do Mercosul, que agora tem a satisfação de acolher a Bolívia como membro pleno, concorre para a prosperidade comum. Esperamos também poder receber logo, e muito rapidamente de volta, a Venezuela. A normalização da vida política venezuelana significa estabilidade para toda a América do Sul", disse Lula, ao lado do líder boliviano, Luis Arce, no encontro que tiveram em Santa Cruz de la Sierra.

Para Lula, é fundamental que o vencedor do processo eleitoral venezuelano — que acontecerá em 18 dias — assuma o comando do país e que o resultado seja reconhecido pelo candidato derrotado. Nicolás Maduro, que busca o terceiro mandato, tem como principal adversário Edmundo González — que lidera as pesquisas eleitorais.

"Fazemos votos de que as eleições transcorram de forma tranquila e que os resultados sejam reconhecidos por todos", enfatizou.

Sem citar a Venezuela, Lula voltou a defender a democracia na região. Como fizera na reunião de cúpula do Mercosul — em Assunção, no Paraguai —, lembrou a tentativa de golpe na Bolívia, em 26 de junho, e o ataque dos bolsonaristas à sede dos Três Poderes, em Brasília, em 8 de janeiro de 2023. Para o presidente, "não podemos tolerar devaneios autoritários e golpistas. Temos a enorme responsabilidade de defender a democracia contra as tentativas de retrocesso. Em todo o mundo, a desunião das forças democráticas só tem servido à extrema direita".

Depois da reunião bilateral com Luis Arce, Lula enfatizou a necessidade de maior integração entre os países dos Mercosul. Isso porque, conforme salientou, esse relacionamento entre as nações ultrapassa as pautas econômicas.

"Não existe saída individual para nenhum país na América do Sul. Ou nos juntamos, formamos um bloco, tomamos decisões conjuntas e executamos as decisões, ou vamos continuar mais um século sendo países em vias de desenvolvimento. Assinamos diversos projetos para fortalecer a capacidade de agentes públicos de combater o tráfico de pessoas, de drogas e melhorar a gestão migratória", enumerou.

Ele disse ainda que espera que o acordo do Mercosul com a União Europeia (UE) seja concluído este ano. "Se depender do que fizemos até agora, vamos firmar o acordo. Da nossa parte, está totalmente pronto, está tudo acordado. O que falta, agora, são os europeus se arranjarem e diminuírem as divergências entre eles", afirmou.

Pleito suspeito

A corrida presidencial venezuelana é vista com desconfiança por observadores internacionais e líderes mundiais. Tudo devido às manobras do governo e das instituições que controla — como a Comissão Nacional de Eleições —, que negaram registro às candidatas da oposição — primeiro a Maria Corina Machado e, depois, à sua substituta, Corina Yoris. Foram substituídas pelo ex-embaixador venezuelano na Argentina, Edmundo González Urrutia.

 

 

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postado em 10/07/2024 03:55
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