Conservadorismo

Com Bolsonaro e Milei, congresso em Santa Catarina reúne extrema-direita

Congresso conservador em Camboriú reúne a oposição ao governo Lula e contará com a presença do ex-presidente e do chefe de Estado argentino

Desafeto de Lula, o presidente Javier Milei participará do evento  -  (crédito: Juan Mabromata/AFP)
Desafeto de Lula, o presidente Javier Milei participará do evento - (crédito: Juan Mabromata/AFP)

Começa neste sábado, em Balneário Camboriú (SC), a edição brasileira do Conservative Political Action Conference (CPAC-Brasil). O evento, que reúne boa parte da oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é a versão nacional da maior conferência da extrema-direita mundial que ocorre, anualmente, em Washington, capital dos Estados Unidos.

Além das presenças do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que embarcou ontem de Brasília para Santa Catarina, e do presidente argentino, Javier Milei, que chega neste sábado, no fim do dia, confirmaram presença os governadores de Santa Catarina, Jorginho Melo (PL), e de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos).

"Um evento que tratará do nosso futuro. A direita, o conservadorismo, as pessoas de bem cada vez ganham mais espaço no mundo todo. Assim como foi nas eleições para o parlamento europeu, há poucas semanas, e como, com toda certeza, será com o nosso candidato, que ganhará as eleições nos Estados Unidos", disse Bolsonaro, em uma rede social, chamando os apoiadores para o evento de dois dias no litoral catarinense.

A conferência, que no Brasil tem ingressos a partir de R$ 249, reúne instituições e políticos nos Estados Unidos desde 1974, a primeira edição brasileira foi em outubro de 2019, já impulsionada pela onda bolsonarista, e soma três edições em solo nacional.

Outros políticos de países da América Latina estarão no evento, entre estes sábado e domingo, como Gustavo Villatoro, ministro da Justiça e Segurança Pública do presidente de El Salvador, Nayib Bukele; o presidente do partido de extrema-direita do Chile, José Antonio Kast; e o pré-candidato à Presidência do México, Eduardo Verástegui.

Além de Bolsonaro, a presença mais esperada no litoral catarinense é a do presidente argentino. Milei vem escalando o tom dos ataques que faz a chefes de Estado de posições políticas diferentes e, por isso, deve ter o discurso acompanhado com atenção por integrantes do governo Lula, que veem a possibilidade de ele aumentar o tom das investidas ao presidente brasileiro.

A economia da Argentina vem registrando números desfavoráveis, com indicadores da atividade, anunciados ontem, apontando uma queda de 14,8% na indústria, com o setor automotivo, fortemente dependente das exportações para o Brasil, recuando em mais de 40%, no mês de maio e a construção civil com uma queda de 32,6%, na comparação anual. Isso justificaria a aposta de Milei nas pautas extremistas para agradar ao seu eleitorado cativo.

Apesar da pressão de industriais argentinos e brasileiros, essa subida de tom pode dificultar ainda mais a situação do setor no país platino. O governo brasileiro tenta, nos bastidores, evitar a qualquer custo um comprometimento no fluxo de comércio entre os dois países e vem conversando diretamente com governadores das províncias argentinas.

Mesmo sem a diplomacia comentar oficialmente as declarações do presidente, em Buenos Aires, reservadamente, fontes ouvidas pelo Correio dizem que ele tem se isolado politicamente dentro do próprio país e apontam para o receio de uma resposta mais dura do Brasil que possa restringir qualquer ponto do acordo automotivo, visto como um golpe fatal no setor industrial daquele país.

 

 

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br

postado em 06/07/2024 03:55
x