Depois de um ano e quatro meses de investigação, a Polícia Federal concluiu a investigação que trata da retirada ilegal e venda de joias sauditas doadas à Presidência da República durante o gestão passada. A corporação decidiu indiciar o ex-presidente Jair Bolsonaro por três crimes: lavagem de dinheiro, organização criminosa e peculato. A apuração foi enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF). O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, remeterá, então à Procuradoria-Geral da República (PGR), que decidirá se apresenta ou não denúncia à Corte.
As investigações apontam a participação ativa do político nos atos que culminaram no transporte e na comercialização dos itens preciosos nos Estados Unidos. Além de Bolsonaro, foram indiciadas mais 11 pessoas, entre as quais, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid; o pai dele, Mauro Cesar Cid; os advogados Frederick Wassef e Fabio Wajngarten; o ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque e o ex-chefe da Receita Federal Julio Cesar Vieira Gomes.
Em maio, a corporação enviou uma comitiva aos Estados Unidos. Os policiais brasileiros atuaram em conjunto com o FBI e visitaram uma loja de penhor onde as joias teriam sido vendidas. A investigação aponta que os envolvidos sabiam da ilegalidade e tentaram ocultar provas.
Publicamente, Bolsonaro nega irregularidades. A defesa dele informou que vai se manifestar quando tiver acesso ao relatório da investigação.
Pelas redes sociais, Wajngarten afirmou que o indiciamento viola as prerrogativas da advocacia. "O meu indiciamento pela Polícia Federal se baseia na seguinte afronta legal: advogado, fui indiciado porque no exercício de minhas prerrogativas, defendi um cliente, sendo que em toda a investigação não há qualquer prova contra mim. Sendo específico: fui indiciado pela razão bizarra de ter cumprido a lei", declarou.
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Agentes sustentam que as provas obtidas são robustas. Incluem informações sobre viagens aos Estados Unidos; tentativa de entrar no país com as joias sem que as pedras preciosas fossem declaradas na alfândega; registros da venda dos itens em joalherias dos Estados Unidos; devolução de parte do acervo após determinação do Tribunal de Contas da União (TCU) e até mesmo uma foto tirada por Mauro Cesar Cid em que o próprio militar aparece refletido no espelho da caixa usada para armazenar os itens de luxo.
Entre as peças levadas para o exterior estão um relógio da marca Rolex de ouro branco, um anel, abotoaduras e um rosário islâmico, recebidos por Bolsonaro durante uma viagem oficial à Arábia Saudita em outubro de 2019.
O relógio foi vendido por R$ 300 mil na Precision Watches, joalheria na Pensilvânia, nos Estados Unidos. O objeto foi levado ao exterior em uma comitiva oficial do então chefe do Executivo.
No relatório final, a PF não pede a decretação de prisão preventiva ou temporária de nenhum dos investigados. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, citada durante as apurações, não aparece como indiciada. Ela não tinha cargo público no período em que os fatos ocorreram.
A expectativa é de que neste mês também sejam finalizados os inquéritos sobre fraude no cartão de vacinas de Bolsonaro e familiares, além do que investiga a suposta participação dele na tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023.
A apuração sobre um esquema paralelo de espionagem realizado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no governo Bolsonaro deve levar um pouco mais de tempo e ser encerrada em agosto deste ano.
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