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Lula garante que MST não invade terra "faz muito tempo"

Para presidente, preocupação de produtores tem de ser com bancos, que tomam propriedades ao cobrar dívidas

Em Feira de Santana (BA), o presidente Lula assinou contratos do Minha Casa, Minha Vida -  (crédito: Ricardo Stuckert / PR)
Em Feira de Santana (BA), o presidente Lula assinou contratos do Minha Casa, Minha Vida - (crédito: Ricardo Stuckert / PR)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentou acenar, nesta segunda-feira, tanto para o agronegócio quanto para o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Disse que os produtores precisam se preocupar com os bancos, que tomam terras ao cobrar os Títulos da Dívida Agrária (TDAs), e não com as ocupações. Também argumentou que "faz muito tempo" que os sem terra não invadem propriedades no campo — o que não é verdade, já que a organização aumentou sua atividade neste governo.

"Esses dias, vi o ministro da Agricultura, companheiro (Carlos) Fávaro, dizer que o agronegócio não deveria ter medo das ocupações dos sem terra, porque quem está tomando terra deles hoje são os bancos, que compram os Títulos da Dívida Agrária deles. E o banco, quando compra um título, é imperdoável. Ele vai em cima e recebe, ou toma a terra", disse o presidente, em entrevista à Rádio Princesa, em Feira de Santana (BA).

"Ora, faz tempo que sem terra não invade terra neste país. Faz muito tempo. Faz muito tempo que os sem terra fizeram a opção de se transformar em pequenos produtores altamente produtivos. Inclusive, é o maior produtor de arroz orgânico da América Latina, e coloca alimento saudável na mesa do trabalhador", acrescentou.

De fato, o MST lidera, há mais de 10 anos, a produção de arroz orgânico do país, além de uma série de outros alimentos e produtos da agricultura familiar. Porém, o movimento não abandonou a luta pela reforma agrária. Muito pelo contrário. Em abril deste ano, mês em que MST costuma intensificar sua atividade, foram ocupadas 31 propriedades em todo o país. Eles pedem a democratização do acesso à terra e a redestinação de áreas improdutivas, para moradia e agricultura familiar.

Lula também destacou o lançamento do Plano Safra, programado para ocorrer amanhã, no Palácio do Planalto. Serão dois eventos, de acordo com o presidente: pela manhã, com os pequenos e médios proprietários; e à tarde com o agronegócio. "Serão dois grandes programas de financiamento, com juros subsidiados, para que as pessoas possam continuar trabalhando. Temos que levar em conta hoje que o agronegócio é responsável por grande parte da riqueza deste país, e é importante que continue assim", frisou. "Temos que alimentar um bilhão e 400 milhões de chineses, um bilhão e 400 milhões de indianos, um monte de gente espalhada pelo mundo, e o Brasil tem um potencial agrícola extraordinário."

Um dos motivos para a rodada de viagens de Lula pelo país, como mostrou o Correio, é fortalecer pré-candidatos para as eleições de outubro. Em Feira de Santana não é diferente. Questionado durante a entrevista, o presidente disse que o postulante Zé Neto (PT) é insistente e tem chances de assumir a prefeitura, que nunca foi comandada pelo partido.

"Vai chegando um momento em que as pessoas começam a falar: nossa, esse cara é teimoso. Ele gosta de brigar. Ele é tinhoso", respondeu Lula, ao ser questionado pelo candidato. Zé Neto já tentou assumir o município por cinco vezes, mas não foi eleito. Ele é deputado federal pela Bahia e está em seu segundo mandato.

"Acho que o Neto tem chance. Feira de Santana é uma experiência administrativa importante, é uma cidade extraordinariamente grande, com muitos problemas. Ele sabe disso. E fico torcendo para que dê certo, para que ele seja eleito", emendou o chefe do Executivo.

Ele subiu no palanque pela manhã com Zé Neto em Feira de Santana, onde entregou a duplicação a BR-116 e anunciou investimentos em rodovias. Também assinou contratos do Minha Casa Minha Vida.

 

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postado em 02/07/2024 03:55