A vice-governadora do DF, Celina Leão, participou, nesta quinta-feira (28/6), do painel sobre Judicialização da política, no 12º Fórum de Lisboa. Celina reforçou a importância da real separação dos Poderes e também convidou à reflexão sobre como isso impacta e agrava o cenário de polarização. A vice-governadora diz que entende bem do assunto, uma vez que já foi minoria e maioria como parlamentar e teve a oportunidade de recorrer ao Judiciário. “Mas há de se falar que no Brasil se recorre ao Judiciário quase que diariamente. E isso causa ao Poder Judiciário um peso, um conflito enorme, pois precisa pautar e discutir aquilo que se sai sem consenso do parlamento”, avaliou.
“O que eu acho que o Brasil precisa recuperar é a capacidade de sentar em mesas. Estamos aqui eu e minha querida amiga (senadora) Eliziane Gama (PSD/MA), que temos ideologias totalmente diferentes, mas com facilidade, com respeito, com educação, ela não vai me fazer mudar o que eu penso, nem eu vou fazer ela mudar, mas o Brasil precisa de pessoas que pensam diferente e sentam na mesma mesa e compactuam coisas pela nação”, defendeu Celina.
A vice-governadora ressaltou que temas polêmicos como aborto e descriminalização de drogas chegam com agilidade à pauta do Congresso porque a base eleitoral cobra. Para chegar a consenso, Celina diz que segue um ditado do ex-ministro do Supremo, Carlos Ayres Britto: Salve a Rainha ou salve-se quem puder. “A Rainha é nossa Constituição, e ela fala de uma maioria que tem o direito de trazer aquilo que ela entende para o Congresso Nacional", explica.
Participação no 12º Fórum de Lisboa
Em entrevista exclusiva ao Correio após o painel, Celina ressaltou a importância de ter também representantes do Legislativo e do Ministério Público no painel. "Foi uma discussão aprofundada, que envolve a defesa da nossa Constituição e a defesa da harmonia, com mais independência dos Poderes e de cada função constitucional prevista", disse.
Questionada sobre a aprovação do PPCUB e a responsabilidade do Governo do DF após as mudanças aprovadas, ela afirmou que o projeto estava sendo discutido há 15 anos e, logo, havia maturidade para ser votado na Câmara . “Algumas alterações foram vetadas pelo próprio governador e há a necessidade de se atualizar Brasília, mas sem causar nenhum dano, nenhum prejuízo à característica bucólica da cidade como patrimônio da humanidade. Eu tenho a certeza de que o GDF, qualquer governo que estiver à frente de Brasília, terá esse cuidado. Foi mais uma atualização do plano”, avaliou.