Conselhão

Lula defende Haddad e diz que ministro foi 'achincalhado' por desoneração

O presidente fez elogios ao ministro da Fazenda e disse que a desoneração da folha não será mantida se o Senado e empresários não apresentarem alternativa para a compensação

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou nesta quinta-feira (27/6) que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi “achincalhado” após apresentar proposta para compensar a desoneração da folha de pagamentos. O petista destacou também que, caso o Senado e os empresários não apresentem uma alternativa, a desoneração será derrubada.

O chefe do Executivo também reagiu às críticas que vem sofrendo, especialmente do mercado financeiro, sobre sua resistência ao corte de gastos.

“A questão da desoneração dos 17 setores, do Congresso Nacional. Eu não sou contra, porque na crise de 2008 eu fiz R$ 47 bilhões de desoneração. Qual era a diferença para hoje? Sentavam na mesa de negociações os empresários, o governo e os trabalhadores. E eu queria saber qual era a contrapartida para os trabalhadores”, discursou Lula durante sessão do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, o Conselhão, que ocorreu durante a manhã, no Palácio do Itamaraty.

“Foi derrubado o meu veto. Nós entramos na Suprema Corte, que deu um prazo para os empresários, Congresso e Fazenda darem uma alternativa. O Haddad pensou em uma alternativa. Você (Haddad) tomou tanta porrada, que eu jamais achei que esse moço tão bondoso seria tão achincalhado. E foi”, acrescentou o presidente.

Lula sinalizou ainda que, caso o Congresso não apresente uma alternativa para compensar a desoneração, com impacto estimado em mais de R$ 26 bilhões, não será possível manter o benefício fiscal para os 17 setores e para as prefeituras. “Não fica nervoso não, Haddad. A responsabilidade de apresentar a compensação é dos empresários e do Senado. Se não apresentar, fica mantido o veto. É simples assim”, declarou. Para compensar a desoneração, Haddad apresentou uma proposta para limitar os créditos do PIS/Cofins, que foi rejeitada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). 

O presidente fez um discurso forte no Conselhão, após receber críticas do mercado nas últimas semanas por suas falas envolvendo a política econômica do governo. Ele vem questionando a necessidade de cortar gastos, além de fazer críticas ao mercado financeiro. Também estuda cortar benefícios fiscais, e pediu à equipe econômica que estude quais são as isenções indevidas ou ineficientes concedidas pelo governo.

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Alta do dólar

O chefe do Executivo criticou ainda reportagens sobre a reação do mercado ontem (26) aos últimos questionamentos de Lula ao corte de gastos. Houve uma aceleração no preço do dólar logo depois das declarações do presidente, apesar de majoritariamente influenciada pelo cenário externo. A moeda norte-americana fechou, na quarta-feira (26), em seu maior patamar dos últimos dois meses, em R$ 5,519.

“Ontem, depois da minha entrevista ao UOL, saíram algumas manchetes de alguns comentaristas dizendo que o dólar tinha subido por causa da entrevista do Lula. Os cretinos não perceberam que o dólar tinha subido 15 minutos antes de eu dar a entrevista. Ou seja, esse mundo perverso de as pessoas colocarem para fora aquilo que querem, sem medir as consequências, é muito ruim”, criticou o presidente. 

Operadores do mercado financeiro, contudo, consideram as falas de Lula como um dos fatores que levaram à alta no câmbio, e não apenas ontem. Declarações do chefe do Executivo vem causando temor desde a semana passada, embora todas as sinalizações econômicas estejam positivas. A avaliação de aliados do presidente no setor financeiro é de que há um “ruído” causado pela comunicação do petista.

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