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Lula garante que Juscelino será demitido se a PGR denunciá-lo

Presidente altera o discurso e assegura que o atual ministro das Comunicações vai ser mandado embora caso a investigação por corrupção, agora nas mãos da Procuradoria-Geral da República, siga adiante

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu, ontem, que demitirá Juscelino Filho do Ministério das Comunicações caso a Procuradoria-Geral da República (PGR) o denuncie por corrupção. A afirmação foi feita em uma entrevista ao portal UOL e indica mudança de postura do presidente, que, até então, quando indagado sobre o assunto, frisava que afastaria Juscelino se ele "não provasse a inocência".

"Há um pedido de indiciamento da PF. Há um pedido, que tem que ser aceito ou pelo (ministro do Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes ou pelo PGR (Paulo Gonet). Não foi aceito por nenhum ainda", explicou Lula, acrescentando que debateu a situação com o próprio Juscelino, na viagem que fizeram juntos ao Maranhão, na sexta-feira passada.

"Disse para ele: 'A verdade só você é que sabe. Se o procurador indiciar (sic), você sabe que tem que mudar de profissão. Se houver indiciamento (sic) pela Procuradoria-Geral da República, ele vai ser afastado", reforçou o presidente, confundindo o indiciamento com a denúncia.

O ministro das Comunicações é acusado de desviar verbas federais da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). A PF concluiu as investigações e imputa a ele supostos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Os recursos pavimentaram vias no município de Vitorino Freire, no Maranhão — cuja prefeita é Luanna Rezende, irmã de Juscelino.

As obras beneficiaram propriedades da família do ministro e foram realizadas pela empresa Construservice, investigada por irregularidades nas licitações. A PF encontrou conversas, por aplicativo de mensagem, entre Juscelino e o sócio oculto da empreiteira, Eduardo José Barros Costa, na qual discutem a liberação das emendas.

Juscelino foi indiciado em 11 de junho por corrupção passiva, organização criminosa e fraude em licitações. A relatoria do inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) e do ministro Flávio Dino.

Caso seja denunciado, Lula espera que o próprio Juscelino saia. E disse que mesmo com a eventual demissão, o Ministério das Comunicações continuará com o União Brasil. "Não gosto de antecipar discussões. Quando se apresentar o fato concreto, vou me reunir com as pessoas do União Brasil e vou saber se eles querem continuar", observou.

Só dispensado

Por sua vez, Juscelino disse que permanecerá no cargo até que Lula o demita. Isso indica que mesmo que seja eventualmente denunciado pela PGR, não deixará o cargo por conta própria.

"Sou ministro até quando ele (Lula) quiser. O cargo de ministro é do presidente. Até o dia que ele quiser, vou cumprir a missão que ele me deu com muita honra, trabalhando pelo Brasil, fazendo o que estou fazendo com muita tranquilidade. No dia que deixar de ser ministro, vou voltar para o Congresso, ser deputado federal pelo Maranhão, pelo qual fui eleito por quatro anos", afirmou, durante a blitz que o Ministério das Comunicações e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) realizaram, na Rodoviária do Plano Piloto, para analisar a qualidade dos serviços móveis prestados pelas operadoras.

O desvio das verbas da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) para pavimentar vias no município maranhense no qual a família tem propriedades não é a primeira dor de cabeça que Juscelino dá ao Palácio do Planalto. Em fevereiro do ano passado, ele usou um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) e recebeu quatro diárias e meia no mesmo fim de semana em que participou de leilões de cavalos de raça, em São Paulo.

O ministro esteve em Boituva (SP) onde participou de um evento na propriedade do empresário Jonatas Dantas, amigo e sócio de Juscelino — que teve um dos cavalos exibidos. Naquele fim de semana, foram movimentados mais de R$ 7 milhões.

Ao ser indiciado, o ministro emitiu nota com críticas à atuação da PF e questionou a condução das investigações. (Com Agência Estado)

 

 

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