O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou nesta quarta-feira (19/6) que a Operação Lava-Jato foi criada apenas para o “desmonte” da Petrobras, e que o argumento de combate à corrupção era falso. Lula lamentou ainda a perda de credibilidade da petroleira após os escândalos de desvios de verba, e disse que quem acusou a Petrobras "não tem a grandeza de pedir desculpas pelo erro".
Lula participou da cerimônia de posse de Magda Chambriard na presidência da estatal, que ocorreu no Centro de Pesquisas (Cenpes) da empresa, no Rio de Janeiro. Foi a primeira vez em 12 anos que o chefe do Executivo comparece à cerimônia. Outros ministros, como Fernando Haddad, da Fazenda, e Alexandre Silveira, de Minas e Energia, também marcaram presença.
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“Nós ainda não conseguimos fazer as coisas com a força que a gente queria fazer, porque teve um terremoto nesse país. Ou uma praga de gafanhoto, que veio para destruir aquilo que era um sonho da sociedade brasileira”, discursou o presidente, no fim do evento. “Com o falso argumento de combater a corrupção, a Operação Lava-Jato queria o desmonte da Petrobras. Se fosse verdade o discurso, que se punisse os corruptos, deixando intacto o patrimônio do povo brasileiro”, acrescentou.
A Operação Lava-Jato mirou – dentre outros – os responsáveis pelo chamado “Petrolão”, um esquema bilionário de desvio de verbas da estatal, que estourou no fim de 2014. Ao longo dos anos, uma série de denúncias, investigações e decisões do Supremo Tribunal Federal mostraram que os responsáveis pela Lava-Jato cometeram uma série de irregularidades e não seguiram os devidos processos legais. Lula chegou a ser acusado pelo Ministério Público de comandar o esquema. Porém, todas as suas condenações foram anuladas anos depois. Por outro lado, foram comprovados desvios na estatal, inclusive com ex-diretores da empresa que confessaram os crimes, como Renato Duque.
Durante a posse de Magda, Lula classificou a operação como uma tentativa de destruir a imagem da Petrobras e facilitar o seu processo de privatização. Lamentou ainda que a empresa tenha sido associada à corrupção, e que engenheiros e funcionários da empresa tenham sido pressionados a se afastarem. Para ele, a Lava-Jato tentou “mais uma vez entregar esse extraordinário patrimônio nas mãos das petrolíferas estrangeiras”.
Outros casos de corrupção
“Aqueles que defendiam o fim da Petrobras são os mesmos que abriram 400 empresas de importação de gasolina, quando o Brasil era autossuficiente na produção de gasolina”, apontou. “Quem fez toda a leviandade da denúncia contra a Petrobras, contra muita gente nesse país – pessoas, inclusive, importantes na Petrobras – não tem a coragem de pedir desculpas. Os acusadores não têm a grandeza de pedir desculpas pelo erro que cometeram”, disse ainda Lula.
O mandatário também citou outras denúncias de corrupção enfrentadas pela ex-presidente Dilma Rousseff, sua sucessora, envolvendo as obras em estádios brasileiros para a Copa do Mundo de 2014. Segundo ele, não houve provas sobre os casos de corrupção, com exceção do Maracanã, o que teria sido corrigido antes do fim das obras. Ele também citou como exemplo denúncias de corrupção contra os ex-presidentes Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek, que disse nunca terem sido provadas.