Guerra

No G7, Lula defende proposta brasileira e chinesa pela paz na Ucrânia

Entre os presentes na Cúpula do G7, na Itália, estavam os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, da França, Emmanuel Macron, da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e o Papa Francisco

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursou nesta sexta-feira (14/6) na Cúpula do G7, na Itália. Ele voltou a argumentar que a negociação de paz entre Rússia e Ucrânia precisa da participação dos dois países e defendeu a proposta apresentada pelo Brasil e pela China para intermediar o conflito.

A fala ocorreu na véspera de conferência organizada pela Suíça para tratar do tema. Porém, a proposta não foi aceita pela Rússia, e apenas o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, vai participar. Ontem, em Genebra, Lula recusou um novo convite da Suíça para participar da reunião.

"O Brasil condenou de maneira firme a invasão da Ucrânia pela Rússia. Já está claro que nenhuma das partes conseguirá atingir todos os seus objetivos pela via militar. Somente uma conferência internacional que seja reconhecida pelas partes, nos moldes da proposta de Brasil e China, viabilizará a paz", argumentou Lula.

Ricardo Stuckert -
Ricardo Stuckert / PR -
Ricardo Stuckert -

A Cúpula do G7 reúne os líderes dos maiores países do mundo, e acontece em Borgo Egnazia, na Apúlia, região meridional da Itália. Entre os presentes estão o Papa Francisco, os presidentes Joe Biden, dos Estados Unidos, Emmanuel Macron, da França, a primeira-ministra da Itália, Georgia Meloni, e o próprio Zelensky.

Antes de chegar na Itália, Lula esteve em Genebra e conversou com a presidente da Suíça, Viola Amherd. Ele foi novamente convidado a participar da conferência pela paz organizada pelo país europeu, que ocorre neste final de semana. Porém, justificou sua ausência.

"Tem que ter um acordo. Agora, se o Zelensky diz que não tem conversa com o Putin, e o Putin diz que não tem conversa com o Zelensky, é porque eles estão gostando da guerra. Senão, eles já tinham sentado para conversar e tentar encontrar uma solução pacífica", comentou Lula a jornalistas após participar de sessão da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Ele também negou apoiar o presidente russo.

"Eu não faço defesa do Putin. O Brasil foi o primeiro país a criticar a Rússia pela invasão da Ucrânia. O que eu não faço é ter lado, meu lado é a paz", pontuou.

Rússia não reconhece a proposta suíça

Putin não reconhece a legitimidade do encontro organizado pela Suíça, que deve contar com a presença de Macron e da vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, além de representantes de 90 países e organizações internacionais. A Rússia chegou a classificar a iniciativa como "perda de tempo".

Hoje, o presidente russo apresentou pela primeira vez as condições do país para uma "paz negociada". Ele exige que a Ucrânia desista de entrar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e que Kiev retire suas tropas das quatro regiões que foram anexadas pela Rússia: Luhansk, Donetsk, Kherson e Zapiorizhzhia.

Os termos já foram apresentados em outros momentos da guerra, e rejeitados pela Ucrânia. Integrantes do governo Zelensky já comentaram publicamente que a fala de Putin não traz nada de novo e não representa uma proposta factível de paz.

Brasil e China querem mediar negociações

Em maio, Brasil e China apresentaram uma proposta para as negociações, com seis itens. O texto foi costurado pelo assessor especial da Presidência Celso Amorim, que desenha a política externa do governo Lula, e pelo chanceler chinês, Chang Yi.

Os países defendem a criação de uma outra conferência internacional, que seja reconhecida tanto por Putin como por Zelensky. Além disso, pedem a desescalada do conflito, aumento da ajuda humanitária na região em conflito e a proibição do uso de armas de destruição em massa.

Foi essa a proposta defendida por Lula no G7. Brasil e China esperam angariar apoio de outras nações para a realização da conferência.

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