O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) protagonizou mais um ataque transfóbico na Câmara dos Deputados, na quarta-feira (5/6). Nikolas proferiu uma fala preconceituosa contra Erika Hilton (PSol-SP) em discussão na Comissão dos Direitos da Mulher.
Em audiência com a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, Erika discutiu com a deputada Júlia Zanatta (PL-SC) fora do microfone. No bate-boca, Hilton chamou Zanatta de "ridícula", "feia" e "ultrapassada". "Vai hidratar esse cabelo", afirmou.
"Pelo menos ela é ela", rebateu Nikolas, que entrou no meio da conversa. O episódio foi gravado e exposto nas redes sociais pelo próprio deputado.
Nikolas Ferreira tem um histórico de preconceito na Câmara, e foi inclusive alvo de uma representação no Conselho de Ética por fala transfóbica no plenário.
Além disso, o deputado tem uma condenação em processo de danos morais, movido por Duda Salabert (PDT-MG), também deputada federal. O processo diz respeito a ofensas proferidas por ele enquanto eram ambos vereadores de Belo Horizonte e Nikolas disse que continuaria chamando Duda de "ele", por "ser o que estava na certidão".
Erika Hilton e Duda Salabert são as primeiras deputadas trans no Congresso brasileiro.
A transfobia foi equiparada ao crime de racismo pelo Supremo Tribunal Federal em 2019. A pena pode ir de um a três anos de prisão, além de multa. Se tiver ampla divulgação do ato, pode chegar até cinco anos de reclusão.
Ao Correio, Nikolas Ferreira disse, por meio de sua assessoria, que “diante de uma ofensa pessoal e extremamente ofensiva a uma colega, ofendendo-a no seu aspecto físico, diante do constrangimento sentido pela própria colega, pelo clima que se instalou no local, busquei dissuadir o ambiente e encerrar o assunto".
O Correio procurou a assessoria de Erika Hilton. Em caso de resposta, a matéria será atualizada.