Calamidade

Lula volta ao RS e cobra redução da burocracia em situações de desastres

Pela quarta vez no estado após as enchentes, Lula afirmou que é preciso "mudar os manuais" para tratar de desastres. Ele também apontou que houve erros na prevenção do Rio Grande do Sul

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cobrou nesta quinta-feira (6/6) a redução da burocracia para atender áreas atingidas por calamidades no Brasil, como o Rio Grande do Sul. Segundo ele, não adianta apenas o governo federal anunciar medidas se não houver condições para executá-las.

Lula visitou o Rio Grande do Sul pela quarta vez desde as enchentes. Ele visitou locais destruídos pelas águas em Cruzeiro do Sul e em Arroio do Meio, no Vale do Taquari, além de anunciar e assinar novas Medidas Provisórias (MPs) para apoiar os gaúchos financeiramente.

"É preciso que a gente faça com que os manuais que foram elaborados para tratar de problemas em tempo normal sejam mudados para a gente tratar de coisas em tempos de anormalidade. A gente não quer infringir nenhuma lei, nenhuma regulamentação, desrespeitar a Câmara, desrespeitar o Senado, não quer desrespeitar ninguém. O que nós queremos respeitar é a necessidade de cuidar desse povo, que sofreu o que ninguém jamais imaginava que iria sofrer", declarou Lula durante cerimônia para anunciar novas medidas de apoio.

O presidente argumentou que não basta apenas anunciar as medidas, mas também garantir que existem condições para que elas sejam executadas. Ele citou que muitos recursos que foram alocados em seus mandatos anteriores e no governo de Dilma Rousseff nunca foram utilizados.

"Muitas vezes, pode ser erro do governador. Mas muitas vezes pode ser erro da burocracia como um todo. E a nossa preocupação é evitar que a burocracia trate esse problema do Rio Grande do Sul como se nós estivéssemos vivendo um período de normalidade", afirmou o presidente.

Casas mais seguras

Sobre as propostas para a reconstrução, Lula voltou a garantir que o governo federal não deixará de apoiar o estado e as prefeituras. Ele avisou, porém, que não se pode reconstruir as casas destruídas nos mesmos locais, vulneráveis a enchentes. Aos prefeitos presentes, ele pediu que avaliem terrenos próximos para a reconstrução, e mesmo comprem outros terrenos se for necessário.

"Vamos fazer parceria com o governo do estado, com o governo federal, para que a gente faça casas mais seguras para as pessoas. Para que a gente tenha certeza que pode ter um outro problema climático de cair a Lua em cima de nós, mas que a gente não vai ser mais vítima da enchente do Rio Taquari. Que a gente não vai ser mais vítima do não funcionamento das bombas, dos diques de Porto Alegre", frisou.

Lula diz que houve erros, mas não quer culpados

Em seu discurso, Lula também aludiu a erros na gestão do risco climático no estado, citando descaso na manutenção, por exemplo, da infraestrutura construída para evitar enchentes. Porém, ele minimizou o confronto, e disse que não quer buscar culpados.

"Essa coisa que aconteceu no Rio Grande do Sul não é normal. Uma parte tem muito a ver com a questão do clima, e uma parte tem a ver, muitas vezes, com o descaso com a manutenção das coisas que era preciso ter sido cuidadas com o tempo. Agora, a gente não quer procurar culpados. A gente quer procurar solução para diminuir o sofrimento das pessoas", disse o presidente.

Entre as medidas anunciadas hoje para o estado estão o pagamento de duas parcelas de um salário mínimo (R$ 1.412) para mais de 400 mil trabalhadores gaúchos, atendendo parcialmente a um pedido do setor produtivo do Rio Grande do Sul. Também participaram do anúncio o ministro da secretaria extraordinária de Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta, e os ministros Waldez Góes (Desenvolvimento e Integração Regional), Jader Filho (Cidades), e Luiz Marinho (Trabalho e Emprego). O governador gaúcho, Eduardo Leite, não participou.

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