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Janones se salva de cassação e sessão vira balbúrdia

Bolsonaristas partem para cima de deputado, depois que resultado foi proclamado. Retirado da sessão para evitar briga, parlamentar foi perseguido nos corredores pelo desafeto Nikolas Ferreira

O Conselho de Ética da Câmara aprovou, ontem, o arquivamento do processo de cassação do mandato do deputado André Janones (Avante-MG), acusado pelo PL de chefiar um esquema de "rachadinha" em seu gabinete. O parecer do relator Guilherme Boulos (PSol-SP) foi aprovado por 12 x 5. Ele considerou que o caso não deveria ir adiante, argumentando que as acusações seriam anteriores ao atual mandato de Janones. Ressaltou, ainda, que as acusações eram de conhecimento público desde 2022.

Ao ser decretado o resultado favorável a Janones, uma imensa confusão se formou. Os bolsonaristas partiram para cima do parlamentar com xingamentos e ameaças de agressão física. A certa altura, foi cercado pelos deputados delegado Éder Mauro (PL-PA), Delegado Caveira (PL-PA), Zé Trovão (PL-SC) e Nikolas Ferreira (PL-MG). O mínimo que se escutou nesse momento foram berros de "ladrão", "vagabundo" e "safado" na direção de Janones.

O deputado, porém, resolveu reagir às agressões verbais e passou a rebatê-las, tornando a situação ainda mais tensa. A Polícia Legislativa interveio para tentar acalmar. Zé Trovão teve de ser contido, pois queria agredir Janones — que, por sua vez, escolheu Nikolas como alvo dos xingamentos. Chamou-o para a briga, desde que viesse sem seguranças.

Mesmo sendo levado para fora da sala onde ocorreu a sessão, a confusão continuou pelos corredores. Nikolas e um grupo de assessores saíram atrás de Janones e os dois trocaram vários insultos. O deputado do PL provocava o do Avante chamando-o para brigar, o que quase aconteceu se auxiliares e seguranças não tivessem impedido.

Tensão

Mas, antes de toda a confusão, já se podia perceber que o clima na sessão era de profunda animosidade. Enquanto justificava o teor do relatório que elaborara, Boulos e Pablo Marçal (PRTB) — que acompanhava a sessão e usava irregularmente na lapela o pin de deputado federal, algo que não é — também trocaram ofensas.

"O debate que se faz aqui, e que está posto no relatório, que nenhum dos que fizeram espetáculo aqui tratou. Trouxeram até coach picareta para tentar tumultuar a sessão. Espero muito — não sei se está aqui ainda o coach picareta — que não venda sua candidatura para o prefeito (de São Paulo) Ricardo Nunes. Vá até o fim, que quero te enfrentar nos debates. É o que mais quero. Não venda sua candidatura, que tem gente que está dizendo que você já está vendendo", provocou Boulos, que assim como Marçal é pré-candidato à prefeitura paulistana. "Se a Justiça concluir que, no caso do deputado André Janones, houve crime, que ele seja punido. Agora, não é esse o debate que se está fazendo aqui", acrescentou o relator.

A representação do PL acusava o deputado do Avante de cobrar repasses de parte dos salários de funcionários que trabalhavam em seu gabinete. Janones foi gravado, em 2019, cobrando a rachadinha, sob o argumento de que servidores com maiores salários devolveriam parte da remuneração para que seu patrimônio pessoal fosse recomposto. O caso é investigado pela Polícia Federal (PF). (Colaborou Fabio Grecchi)

 

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