Governo

Adiamento do anúncio do Plano Safra gera crítica do agro

Governo transfere a apresentação para 3 de julho e alega pouco tempo para fechar montagem do evento. Para Frente Parlamentar da Agricultura, faltou organização

CNA espera um aporte de R$ 570 bi pelo novo plano e propõe que R$ 470 bi sejam para os grandes produtores -  (crédito: Carlos Vieira/CB/D.A Press)
CNA espera um aporte de R$ 570 bi pelo novo plano e propõe que R$ 470 bi sejam para os grandes produtores - (crédito: Carlos Vieira/CB/D.A Press)

O governo adiou, para a próxima semana, o lançamento do Plano Safra 2024/2025. A solenidade seria hoje, mas a transferência para 3 de julho foi justificada pela falta de tempo para organizar a cerimônia — mesmo estando agendada há tempos. O adiamento irritou os ruralistas e levou a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) a emitir nota criticando a desorganização.

A transferência foi decidida na reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) — também estiveram presentes a secretária-executiva da Casa Civil, Miriam Belchior, e a presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros.

"Quero fazer uma grande mobilização, aqui em Brasília, na próxima semana, com os agricultores familiares. Vamos trazer máquinas, vamos encher a Esplanada", adiantou Teixeira.

Isso, porém, não amenizou a indignação da FPA. Na nota que emitiu, lamentou "o adiamento do Plano Safra 2024/2025, numa total demonstração de desorganização e ineficiência do governo federal. Importante ressaltar que os produtores rurais ficarão descobertos durante a primeira semana de vigência do plano", frisou a entidade, referindo-se ao prazo do atual Plano Safra, que expira em 30 de junho, antes do anúncio do novo programa de financiamento.

O adiamento é mais um episódio no relacionamento conturbado entre o governo e os ruralistas. Desde o leilão para compra de arroz importado — que terminou sendo adiado, embora a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) tivesse garantido que não era necessária a realização do certame, pois a safra gaúcha havia sido colhida — o diálogo entre os dois lados tem sido difícil. Outro fator que levou os representantes do agro a criticar o Executivo foi a a medida provisória que limitaria o uso dos créditos do PIS/Cofins, devolvida pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Esse não é o primeiro adiamento. Fávaro anunciou que faria o lançamento do plano em Rondonópolis, pois o Mato Grosso é o maior produtor de grãos do país. O governo, porém, voltou atrás para evitar manifestações políticas — o estado é um dos redutos do bolsonarismo.

O Plano Safra é um pacote de financiamentos anual dividido em duas partes: uma para o agronegócio e outra para os agricultores familiares. Ambas serão anunciadas no mesmo dia, mas em eventos separados. O setor espera um aporte recorde de R$ 570 bilhões, maior do que os R$ 364,22 bilhões aplicados no ano passado — o maior até então.

Para a CNA, do montante previsto para o biênio 2024/2025, R$ 470 bilhões deveriam ser destinados aos médios e grandes produtores, e R$ 100 bilhões para os agricultores familiares. Porém, o governo deve chegar a R$ 532 bilhões para o programa. (Colaboraram Rosana Hessel e Henrique Lessa)

 

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postado em 26/06/2024 03:55
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