Judiciário

Mendonça diz que STF passa por cima do legislador em julgamento sobre drogas

Enquanto a reunião era aberta por Luís Roberto Barroso, Mendonça decidiu expor a opinião dele sobre a votação para a descriminalização do porte de maconha para consumo

Após interromper Barroso, Mendonça pediu a palavra e afirmou que o STF estaria passando por cima do legislador, que decidiu que portar drogas é crime -  (crédito: X/Reprodução/ Luiz Roberto/TSE)
Após interromper Barroso, Mendonça pediu a palavra e afirmou que o STF estaria passando por cima do legislador, que decidiu que portar drogas é crime - (crédito: X/Reprodução/ Luiz Roberto/TSE)

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça interrompeu a abertura do presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso, na sessão desta quinta-feira (20/6), que debateu os critérios que configuram porte de maconha uso pessoal.

Durante a fala de Barroso, Mendonça expôs a opinião dele sobre a votação, que estava em 5 a 3 para a descriminalização do porte para consumo.

"Nós estamos passando por cima do legislador caso a votação prevaleça com essa votação que está estabelecida. O legislador definiu que portar drogas é crime. Transformar isso em ilícito administrativo é ultrapassar a vontade do legislador", disse ele por vídeochamada.

Após interromper Barroso, Mendonça pediu a palavra e afirmou que o STF estaria passando por cima do legislador, que decidiu que portar drogas é crime.

"Nenhum país do mundo fez isso por decisão judicial. Nenhum. Em segundo lugar, a grande pergunta que fica é: [digamos que é] um ilícito administrativo. Quem vai fiscalizar? Quem vai processar? Quem vai condenar? Quem vai acompanhar a execução dessa sanção?", indagou o ministro.

"Essa decisão tem que ser adotada pelo legislador. Eu sou contra. Sou contra, mas eu me curvaria caso o legislador deliberasse em sentido contrário. Apenas estou seguindo a minha opinião e entendo que o presidente [da CNBB] não é vítima de desinformação", finalizou Mendonça.

Sobre o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Barroso abriu a sessão dizendo que a autoridade lhe telefonou querendo entender o que estava sendo julgado, e disse ter recebido informação equivocada.

Barroso esclareceu que o porte de drogas "é um ato ilícito" e que esse entendimento permaneceria o mesmo. Os pontos em análise da sessão foram a classificação do porte de droga (se será um ilícito administrativo ou penal) e a discussão se é possível fixar uma quantidade de droga para diferenciar usuário de traficante.

Após a interrupção de Mendonça, o ministro Barroso respondeu: "Vossa excelência acaba de dizer a mesma coisa que eu disse apenas com um tom mais panfletário".

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br

postado em 20/06/2024 19:39
x