PL do aborto

Sâmia Bomfim sobre PL do aborto: "direito das mulheres não pode ser moeda de troca"

Em entrevista exclusiva ao Correio, a deputada federal acredita que a pauta veio à tona por negociação de Lira com a bancada evangélica do Congresso

Para ela, o assunto está sendo utilizado como
Para ela, o assunto está sendo utilizado como "moeda de troca" - (crédito: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados)

A deputada federal Sâmia Bomfim (Psol-SP) comentou, em entrevista ao Correio, sobre pedido de arquivamento do Projeto de Leite (PL) nº 1904/2021, que ficou conhecido como "PL do Aborto". Para ela, o assunto está sendo utilizado como "moeda de troca" do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), com a bancada evangélica.

"Não tem cabimento. Ele (Lira) fala em discutir isso depois da eleição, jogar mais para frente. Não, a gente não quer que isso seja um ponto a ser discutido. Claro que a queda de braço é dura, a gente sabe que tem outras coisas em jogo, a articulação dele com a bancada evangélica visando a eleição da mesa, mas os direitos das mulheres não podem ser moeda de troca", diz a parlamentar sobre o texto que propõem a equiparação do aborto ao homicídio.

O partido de Bomfim entrou com pedido de arquivamento do PL na mesa diretora da Câmara, além de ter colocado em pauta nas comissões da Mulher, Direitos Humanos e Legislação Participativa.

"Vão ser comissões que vão endossar também o nosso pedido. O objetivo disso é, primeiro, representar o que as vozes das ruas estão dizendo. Na nossa visão, não há uma mediação. Porque ele (Lira) vem falando em buscar uma relatora que possa conversar com todos os lados e consertar o projeto. O problema é que a premissa dele não tem cabimento. Você quer criminalizar mulheres e crianças", declara a deputada. A normativa proíbe o aborto, inclusive, nos três casos permitidos por lei atualmente: estupro, feto anencefálico e risco de morte da mãe.

Lira tem fugido de comentar sobre o tema, que gerou comoção social. Nas poucas manifestações, tentou falar em tom mediador sobre o assunto e parece estar sofrendo pressão pela opinião pública. Para Sâmia, o presidente da Casa tem sinalizado que está "ouvindo" o que está sendo dito e há possibilidade real de "abafar" o assunto.

"O que determina isso é a força da pressão mesmo da sociedade que tá pegando aqui, principalmente, entre os líderes do centrão que não querem ser confundidos com os extremistas bolsonaristas aqui de dentro", finaliza.

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postado em 18/06/2024 19:31
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