SÃO PAULO

Acusados de plano para atentado contra Moro são assassinados na cadeia

De acordo com investigadores, não há dúvidas que o crime foi cometido por determinação do comando do PCC

Nefo e Rê eram os responsáveis pelo plano de sequestrar Moro -  (crédito: Reprodução)
Nefo e Rê eram os responsáveis pelo plano de sequestrar Moro - (crédito: Reprodução)

Janeferson Aparecido Mariano Gomes, conhecido por Nefo — o homem que havia coordenado o plano para atentar contra a vida do senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) — foi assassinado dentro da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, em São Paulo. Nefo tinha 48 anos.

Segundo informações do portal Uol, Nefo estava no banho de Sol quando foi levado por outros detentos ao banheiro, e lá assassinado a facadas. Nefo era integrante da chamada Sintonia Restrita e havia sido preso em 22 de março de 2023 durante a Operação Sequaz, que desmantelou o grupo que planejava o crime contra Moro.

Além de Nefo, também foi morto Reginaldo Oliveira de Souza, o Rê, integrante da Sintonia Final dos 14, o grupo responsável pelas ordens aos faccionados em liberdade. Rê também havia sido preso na Operação Sequaz. Políciais federais interceptaram uma videoconferência de Nefo e Rê durante o planejamento do ataque a Moro na qual foram decididos detalhes do crime. Rê também foi assassinado durante o banho de Sol.

De acordo com investigadores a Agência Estado, não há dúvidas que o crime foi cometido por determinação do comando do PCC. A principal hipótese para o crime seria um acerto de contas dentro da facção, em razão do fracasso do plano de resgate de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, e dos atentados contra autoridades planejados pelo PCC. 

Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, policiais foram acionados para atender a ocorrência. "No endereço indicado, os agentes verificaram que quatro suspeitos estariam envolvidos no esfaqueamento e morte de outros dois presidiários. Os autores serão autuados por homicídio", diz a nota enviada ao Correio. 

Detalhes da tentativa de ataque contra Moro

Quando Nefo foi preso, em 2023, havia seis meses que os bandidos comandados por ele haviam recebido a ordem para monitorar Moro. Alugaram chácaras na região de Curitiba — em uma delas foi construída uma parede falsa em um dos cômodos para esconder armas e dinheiro. Nefo também arrumou uma casa perto da residência da família do senador e uma sala comercial ao lado do escritório político de Moro, em Curitiba.

Os bandidos fotografaram o cotidiano do casal e de seus filhos. Escola, academia, compras e reuniões: tudo foi acompanhado pelos bandidos. O plano foi descoberto pelo Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo, que repassou as informações à Polícia Federal. Esta, após a quebra de sigilo dos celulares apreendidos com o grupo de Nefo, encontrou imagens, com comentários, capturadas na internet do dia 29 de novembro de 2022 feitas pelos criminosos que compunham a célula "Restrita" do PCC.

As imagens eram das residências oficiais dos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), bem como uma pesquisa no site da Trovit sobre imóveis na "Península dos Ministros", Lago Sul, Brasília, demonstrando que houve determinação da cúpula para que esse setor realizasse esses levantamentos das referidas autoridades da República.

Além disso, os federais descobriram todo o planejamento, preparação e execução de reiterados atos voltados à ação de atentado contra o senador Moro, cuja coordenação estava a cargo de Nefo. No dia 19 de setembro de 2023, os agentes apreenderam, no quintal do imóvel localizado na Rua Coronel José Ribeiro de Macedo Junior, 219, Curitiba, casa usada pelo grupo de Nefo, explosivos e materiais para acionamento dos artefatos, sendo 26 rompedores de rocha da marca Pyroblast de tamanhos variados, 31 iniciadores elétricos e uma maleta de acionamento eletrônico da mesma marca.

De acordo com os investigadores, o material poderia ser usado em um atentado a bomba contra o senador. Para essa ação, a facção mobilizou uma célula com três de seus integrantes e bancou seus custos — cerca de R$ 44 mil —, como estadia, celulares, aluguéis, seguro, IPTU, mobília, transporte e até compra de eletrodomésticos. Além de Moro, o promotor Lincoln Gakiya, do Gaeco, era outro alvo dos bandidos.

Os atentados contra autoridades e o promotor eram o chamado de Plano B na facção, porque o Plano A — o objetivo principal dos bandidos — era o resgate de Marcola, líder da facção. Havia mais de um ano, a inteligência do Departamento Penitenciário Federal (Depen) e a PF acompanhavam as movimentações e diálogos mantidos por Marcola e outros presos da facção na penitenciária federal de Brasília. O plano envolvia o treinamento de mercenários na Bolívia e arregimentação de integrantes do chamado Novo Cangaço para a invasão do presídio e resgate de Marcola. 

*Com informações da Agência Estado

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br

postado em 17/06/2024 21:30 / atualizado em 18/06/2024 20:59
x