O ex-policial militar Ronnie Lessa disse à Polícia Federal que seria o dono da milícia em um loteamento clandestino na Zona Oeste do Rio de Janeiro após a morte da vereadora Marielle Franco, em 2018. Na delação premiada, cujo sigilo foi derrubado parcialmente nesta sexta-feira (7/6), o ex-militar reiterou que os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão seriam mandantes do crime e afirmou que foi escolhido por conta de seu “fácil acesso” a outras milícias.
“Eu ia ser o dono da milícia. Você não vê um dono de milícia novo. Essas pessoas novas que você vê na milícia, na verdade, são 'testa' de alguém, pô. A verdade é ... o 'testa de ferro' de alguém. Por trás dessas pessoas, tem sempre um cinquentão, como eu”, afirmou.
Ele informou que a ideia era que ele administrasse o loteamento. “Meu nome é um nome pesado, no meio policial do Rio de Janeiro, muita gente respeita. Milícia todas elas tinham um grande respeito por mim, apesar de eu não ... nunca ter sido, na verdade, miliciano. Mas eu era amigo de todos, pô. Eu já ajudei todos com inquérito na polícia, probleminhas daqui, probleminhas dali”, afirmou.
Segundo ele, os irmãos Brazão eram especialistas em grilagem e tinham total domínio da região de Jacarepaguá.
“Eles fazem isso há 30 anos. Tanto o Chiquinho, quanto o Domingos. Ninguém faz nada ali com relação à grilagem em Jacarepaguá, sem a ajuda deles de alguma forma, tá? Sem a anuência deles. Por quê? Se vocês repararem, todas as leis, todos os projetos deles, são ... não tem outra coisa, é sempre em cima disso”, afirmou.
Transferência para Tremembé
O ministro do STF Alexandre de Moraes aceitou, nesta sexta-feira, o pedido de transferência do ex-policial militar Ronnie Lessa para o complexo penitenciário de Tremembé, em São Paulo. Ele está preso na Penitenciária Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, desde março de 2019.
Moraes também retirou o sigilo de parte da delação premiada de Ronnie Lessa. O ex-policial militar fechou um acordo com Polícia Federal, em que indicou que os irmãos Brazão, Chiquinho e Domingos, eram os mandantes do assassinato de Marielle.
A defesa de Domingos Brazão afirmou que não existem elementos que atestem a versão de Ronnie Lessa e que não há provas da narrativa apresentada.
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