A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, defendeu a educação ambiental como forma de desconstruir a mentalidade de que os recursos naturais são “infinitos” e de que a história é feita somente de progressos. Nesta terça-feira (4/6), durante sessão especial pelos 25 anos da Política Nacional de Educação Ambiental, no plenário do Senado Federal, Marina disse que a educação ambiental atua de forma fundamental e estratégica na educação de crianças e no que chamou de “pós-educação” de adultos.
“Quando a gente lida com as crianças, a gente está educando. Quando a gente lida com os adultos, a gente está fazendo um processo de pós-educação. Essa formulação não é minha, é do velho (Sigmund) Freud, que diz que a gente, na psicanálise, passa por um processo de pós-educação, que é (o processo) de você trabalhar, ali, o seu inconsciente. E nós fomos educados a pensar que a história é sempre progresso e é linear, e a educação pode ajudar (a entender) que a história não é sempre progresso e linear. A gente foi ensinado que os recursos naturais são praticamente infinitos. Fomos educados no velho modelo, que ainda é o que está aqui a nos causar tantos problemas, inclusive o que estamos vivendo no Rio Grande do Sul, e tantos outros de desigualdade”, afirmou.
Ainda durante o discurso, feito na véspera do Dia Internacional do Meio Ambiente (5/6), Marina reforçou que a educação ambiental pode ajudar no entendimento de que a história também é feita de retrocessos e regressões, e afirmou que o Brasil viveu momentos de regressão em relação à política ambiental.
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“O retrocesso é quando você ia avançando, ganhando, e de repente, você passa a não avançar tão significativamente. É um retrocesso naquela dinâmica que estava estabelecida. Agora, a regressão é você voltar a um ponto anterior àquilo que já havia avançado, e no Brasil, nós vivemos momentos de regressão em relação à política ambiental”, afirmou.
“Na política ambiental, nós tivemos verdadeira regressão, na política indígena, nós tivemos verdadeira regressão, nas políticas de saúde, verdadeira regressão. Nós voltamos a um ponto anterior à valorização da vacina. Então, às vezes, a gente tem que pensar a educação ambiental como esse pós-educar, e um pós-educar que é muito divertido, pode ser muito criativo, pode ter um espaço de muita prospecção, mas também pode ser muito dolorido e sofrido”, adicionou.
Educação contra a crise climática
A ministra concluiu dizendo que os educadores ambientais têm um árduo desafio de educação junto às crianças afetadas pela tragédia no RS, assim como em outras recentes crises climáticas no país, buscando levar consciência ambiental para essas populações.
“Tudo isso é uma pedagogia do luto. Tudo isso, às vezes, é uma pedagogia da dor, mas isso também pode ser trabalhado, porque a gente não quer que essas coisas fiquem se repetindo. E é por isso que o presidente Lula valoriza sobremaneira os esforços que precisamos fazer em relação à política de desmatamento zero, à política de enfrentamento da mudança do clima, do combate às desigualdades, de uma Educação que seja capaz de criar igualdade de oportunidade para todas as pessoas. Uma educação que nos ajude a educar de várias formas”, concluiu.
A lei nº 9.795
Completando 25 anos nesta terça, a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) foi instituída em 1999 pela Lei nº 9.795, e estabelece princípios, diretrizes e objetivos para a Educação Ambiental no Brasil, além de promover conscientização e ações para a preservação do meio ambiente, o uso sustentável dos recursos naturais e o desenvolvimento de uma sociedade mais responsável e comprometida com questões socioambientais.
Segundo o portal do governo federal, a Educação Ambiental compreende os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.
*Estagiário sob supervisão de Ronayre Nunes
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