congresso

Após derrotas no Congresso, Lula intervém na articulação política

Após derrotas da semana passada no Congresso, presidente assume parte do diálogo com parlamentares. Para Padilha, governo tem vencido no que é essencial

Presidente entra em campo para rearrumar a articulação, que há tempos é motivo de insatisfações -  (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
Presidente entra em campo para rearrumar a articulação, que há tempos é motivo de insatisfações - (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

Depois das derrotas no Congresso, na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva interveio na articulação política e passará a se reunir com os parlamentares, sobretudo quando estiverem em jogo as pautas econômicas. O novo formato foi decidido ontem. Segundo o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, Lula estará aberto a receber ministros, líderes e vice-líderes de partido.

“O presidente recebeu líderes e vice-líderes este ano e está à disposição para recebê-los outras vezes. Faz questão de fazer agendas para a sanção de projetos prioritários, valorizar o trabalho dos parlamentares, encontrá-los. (Lula) tem buscado estar com eles nas agendas nos estados. O presidente sempre está à disposição”, reforçou Padilha.

Lula concluiu que a articulação tem problemas depois da conjunta do Congresso, na terça- feira passada. O governo sofreu derrotas com a derrubada do veto à Lei das Saidinhas — que acaba com as saídas temporárias para presos —, e com a manutenção de veto do ex-presidente Jair Bolsonaro que impede a criminalização do disparo em massa de fake news em redes sociais.

Ao fazer um balanço do episódio, Padilha considerou que os temas prioritários, os econômicos e sociais, estão sendo aprovados no Congresso. As derrotas nas pautas de costume eram, segundo ele, esperadas. E tiveram grande repercussão por causa do barulho feito pelos bolsonaristas nas redes sociais. “Nada do que aconteceu nesta sessão surpreendeu os articuladores políticos do governo. Nada. É muito raro um time ser campeão de um torneio sem ter algum tipo de derrota. O que você não pode é perder o mata-mata, e não vamos perder. Não estamos sendo derrotados naquilo que é essencial para a recuperação econômica e para a recomposição das políticas sociais”, frisou Padilha.

A expectativa do Palácio do Planalto é de aprovar as medidas econômicas até o recesso parlamentar, no início de julho. Advertências Os alertas sobre as dificuldades na articulação política do governo não são recentes. Um dos principais críticos é o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ao deixar explícito que Padilha é o elo fraco da corrente para a construção de diálogo com o Congresso. Apesar de ter recuado daquilo que dissera, no começo de abril o deputado classificou o ministro como “desafeto pessoal” e “incompetente”. O último encontro de Lula com líderes partidários da Câmara foi em fevereiro e com os do Senado, em março.

Para a semana, uma das prioridades do Palácio é a aprovação do Programa Mover, no Senado, que está na pauta da sessão de hoje. O texto concede benefícios fiscais para montadoras que investirem em inovação, mas traz alguns “jabutis” da Câmara dos Deputados — um é o que estabelece alíquota de 20% para a taxação de compras de até US$ 50 em sites internacionais. Para este, Lula e Lira fecharam acordo.

“Jabutis”

Outros dois “jabutis”, porém, não foram combinados com o governo. Um fixa cotas mínimas para contratar empresas nacionais em projetos de exploração ou produção de petróleo e gás natural. O outro dá incentivos para a produção de bicicletas, por meio da redução do IPI. Segundo Padilha, “vamos trabalhar no Senado” essas “emendas que foram acrescidas na Câmara. O texto delas não é acordado com o governo”.

Para Padilha, o objetivo é apresentar uma emenda de redação, que altera o texto dos “jabutis”, ou então deixar claro que possivelmente serão vetados pelo presidente. No Senado, entre as prioridades elencadas pelo Palácio estão a aprovação das Letras de Crédito do Desenvolvimento (LCD) e do Marco Regulatório do Fomento à Cultura. Na Câmara, o objetivo é pautar a medida provisória (MP) que criou o programa Acredita, de reestruturação do mercado de crédito.

Para julho, a pauta prioritária do governo inclui aprovar a regulamentação da reforma tributária na Câmara. Segundo Padilha, o Ministério da Fazenda deve mandar o segundo projeto de lei até a semana que vem. A pasta conduzida por Fernando Haddad também está finalizando o desenho das medidas compensatórias para a desoneração da folha de pagamentos de empresas e municípios. A expectativa é de que o relator da desoneração, Jaques Wagner (PT-BA), apresente parecer até o fim desta semana.

Participaram da reunião com Lula, além de Padilha, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo; o ministro interino da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Laércio Portela; os líderes do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), e no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP). Também estavam presentes os secretários- executivos da Casa Civil, Miriam Belchior, e da Fazenda, Dario Durigan.

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br

postado em 04/06/2024 03:55
x