Acusado de ser um dos mandantes da morte da vereadora Marielle Franco, do PSol, crime ocorrido em 2018, o deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) foi notificado na prisão onde está detido da abertura do processo contra ele no Conselho de Ética na Câmara. No último dia 15, o colegiado aprovou por 16 votos a favor e 1 contrário a admissibilidade da ação por quebra de decoro parlamentar. O atentado atingiu também o motorista Anderson Gomes.
Brazão foi notificado ontem (23/5) e agora tem 10 dias úteis para apresentar sua defesa. Nessa fase, de investigação, as partes podem arrolar testemunhas e apresentar documentos. O deputado foi notificado por policiais legislativos da Câmara, que se dirigiram até o presídio de segurança máxima de Campo Grande (MS), onde o parlamentar fluminense está preso há quase dois meses.
A relatora da representação contra Brazão, deputada Jack Rocha (PT-ES), que foi a favor da continuidade da ação apresentada pelo PSol, classificou a acusação contra o parlamentar de "altíssima gravidade". "A conduta configura uma afronta ao decoro parlamentar. Possui natureza de ilícito penal de altíssima gravidade, caracterizado como crime hediondo. Há justa causa e voto pela admissibilidade da ação", concluiu Jack Rocha no seu parecer.
Nessa reunião do Conselho de Ética, que ocorreu no último dia 15, Brazão usou a palavra por alguns segundos, por videoconferência e reafirmou ser inocente.
O advogado Cleber Lopes, que atua na sua defesa, afirmou no conselho que não há provas do envolvimento do deputado com a morte da vereadora e disse que ele não pode ser condenado por ter voto em áreas onde a milícia atua no Rio. "Ninguém dispensa voto. Ter voto em áreas conflagradas, como de milícias, não o implica no caso. Não há prova qualquer de seu envolvimento nesse caso", defendeu Lopes, que classificou como uma "lenda urbana" a acusação contra seu cliente.