Familiares de vítimas da ditadura programaram uma ofensiva nesta semana para pressionar o governo a reinstalar a Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, extinta no fim do governo de Jair Bolsonaro. Os parentes dos perseguidos pelo regime militar tentam uma agenda no Palácio do Planalto, devem ser recebidos no Ministério dos Direitos Humanos e vão realizar uma audiência pública no Congresso Nacional.
Na agenda de mães, irmãs e mulheres dessas vítimas dos agentes da repressão está também uma reunião fechada com representantes da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que é vinculada à Organização dos Estados Americanos (OEA). A CIDH condenou o Brasil, em 2010, pelos crimes cometidos pelo regime no episódio da guerrilha. A sentença determinou que o Estado é responsável pelo sumiço desses 62 brasileiros.
Está prevista ainda um encontro com representantes do Ministério Público Federal e da Justiça Federal, que já emitiu uma sentença condenando o Estado brasileiro pelo desaparecimento de mais de 62 opositores da ditadura que atuaram na Guerrilha do Araguaia, episódio que ocorreu entre 1972 e 1974.
Em nota, esse grupo de familiares que estão em Brasília exige ações concretas do governo e batizou esta como uma "semana de luta" para o cumprimento das sentenças que cobram providências sobre a busca e tentativa de localização desses desaparecidos, "para promover o sepultamento condigno desses corpos" e também pelo retorno da Comissão de Mortos e Desaparecidos, órgão que atuava nessa finalidade.
"A reinstalação da comissão vem sendo protelada pelo governo do presidente Lula (PT) para evitar tensão com os militares. Para os familiares, a falta de progresso na busca por restos mortais e na divulgação de informações sobre a Guerrilha do Araguaia é um reflexo do descaso do Estado", diz a nota dos familiares.
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