Depois de suspender a dívida do Rio Grande do Sul por três anos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prepara um pacote de medidas para ajudar as pessoas físicas atingidas pelas fortes chuvas no estado.
As medidas foram debatidas por Lula em reunião ministerial na noite desta segunda-feira. O pacote será apresentado pelo presidente, nesta terça-feira, ao governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB). A expectativa, de acordo com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é de que o anúncio oficial à população ocorra nesta quarta-feira, quando Lula visitar novamente o estado.
Entre as propostas à mesa, está uma ajuda financeira para as famílias atingidas pelas enchentes. O valor ainda tem de ser definido, segundo técnicos, mas foi ventilada a possibilidade de um voucher de R$ 5 mil, em parcela única, para 100 mil famílias, o que somaria um gasto de R$ 500 milhões. Procuradas, fontes do Ministério da Fazenda e do Palácio do Planalto ainda não confirmaram esses números.
Na abertura da reunião, Lula exigiu dos ministros uma padronização das informações e pediu para não divulgarem medidas que ele pretende anunciar. "Eu não quero que a imprensa saiba qual é a orientação. Só depois", afirmou. Também está sendo estudada, por exemplo, a inclusão no Bolsa Família de pessoas que ficaram desabrigadas e perderam a renda temporariamente.
"Amanhã (nesta terça-feira), nós teremos mais um anúncio para as concessões de benefícios das pessoas físicas, o que é que nós vamos liberar de recursos para ajudar as pessoas. Depois, o que nós vamos continuar fazendo de recuperação de estrada, questão de energia, de telecomunicação, de saúde, da educação, de portos, aeroportos", declarou.
Segundo o presidente, ainda há "uma infinidade de problemas que a gente vai ter que cuidar e que não é uma coisa de curto prazo, é uma coisa de médio, e eu diria até quase longo prazo, porque recuperar aquele estado vai ser bastante difícil".
Além de pedir para os ministros trabalharem pela construção de "uma política pública sólida", Lula agradeceu o empenho dos integrantes do primeiro escalão e dos voluntários que estão ajudando as vítimas da tragédia.
"Não é cada um que tem uma ideia, vai falando, vai dizendo o que é que vai fazer, porque isso termina não construindo uma política pública sólida. É uma atuação muito homogênea do governo no caso do Rio Grande do Sul. Dito isso, eu queria também agradecer o trabalho que vocês já fizeram. Tem muito voluntário que é uma coisa extraordinária. A quantidade de gente do Brasil inteiro que está se propondo a ajudar", elogiou.
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De acordo com Lula, nesta terça-feira, haverá outro encontro ministerial, assim como as reuniões da Casa Civil com vários ministros sobre a situação no RS, tanto de manhã quanto à noite. "E é importante que seja assim, porque esse fenômeno que aconteceu me parece que não foi só o fenômeno da chuva. Me parece que tem um fenômeno também das pessoas que não cuidaram das comportas que deveriam ter sido cuidadas há muito tempo. Mas tudo isso é um problema a ser resolvido daqui para a frente", disparou.
Questão climática
Ao comentar sobre a tragédia, Lula demonstrou preocupação com as mudanças climáticas. "Estamos vivendo tempos difíceis, porque me parece que a questão climática é mais séria do que muita gente tenta acreditar que é", afirmou. "Muitas vezes, os negacionistas passam para a humanidade, para a sociedade, e dá ideia de que esse negócio do clima, de aquecimento do planeta, de chuvas torrenciais, de furacões é coisa de ambientalista ou coisa de intelectual, quando, na verdade, o mundo está passando por um processo de transformação que somente nós, seres humanos, seremos capaz de controlar, se tivermos capacidade, competência, sabedoria para nos comportarmos de acordo com aquilo que a ciência nos ensina."
Lula reforçou o compromisso do Brasil com o Acordo de Paris. "Não podemos deixar o planeta Terra ter o aquecimento acima de um grau e meio. Isso é um compromisso", frisou.
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