A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, além do delegado Rivaldo Barbosa, pelo assassinato da vereadora Marielle Franco, em 2018, no Centro do Rio de Janeiro. No mesmo atentado, foi morto o motorista Anderson Gomes. A denúncia, que está nas mãos do ministro-relator Alexandre de Moraes, foi apresentada na terça-feira, mas divulgada somente ontem pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo a PGR, a delação do ex-policial militar Ronnie Lessa — que fez os disparos que mataram Marielle e Anderson — mostrou a participação dos irmãos Brazão. A procuradoria concluiu que eles se encontraram com o atirador e ressaltou que os denunciados tinham estreita e antiga relação com o crime organizado.
"A partir de meados de 2008, até os dias atuais, no Estado do Rio de Janeiro, João Francisco Inácio [Chiquinho] Brazão, Domingos Inácio Brazão, Robson Calixto Fonseca e outros agentes citados nesta denúncia, e já condenados em outras instâncias, integraram pessoalmente organização criminosa armada, estruturalmente ordenada", salienta a denúncia.
De acordo com a PGR, Lessa recebeu dos Brazão a proposta de ser pago para executar os assassinatos. "A ordem para executar os homicídios foi dada por Domingos e João Francisco. De modo semelhante, Rivaldo Barbosa de Araújo Júnior concorreu para as infrações, empregando a autoridade do cargo de chefia que então ocupava na estrutura da Polícia Civil para oferecer a garantia (...) de que todos permaneceriam impunes", destaca a PGR.
Para a PGR, os assassinatos de Marielle e Anderson ocorreram por questões de terras em áreas de milícia. Além do depoimento de Lessa, as investigações trazem outros testemunhos e monitoramento de sinais de celular.
Prisões no Rio
Em paralelo ao avanço da denúncia pela PGR, a PF prendeu, ontem, Robson Calixto da Fonseca, o "Peixe", ex-assessor de Domingos Brazão, e o policial militar Ronald de Alves Pereira, o Major Ronald — apontado como ex-chefe da milícia da Muzema, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Segundo a procuradoria, os dois têm ligação direta com o assassinato de Marielle.
Calixto seria "homem de confiança" dos Brazão. Antes de ser indicado para o cargo comissionado no Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE-RJ), foi assessor de Domingos na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). A investigação aponta que ele intermediou a primeira reunião para organizar o atentado, nas mediações de um hotel na Barra da Tijuca.
Em relação a Ronald, a denúncia aponta que sua participação no duplo homicídio "se deu por meio do monitoramento das atividades de Marielle e do fornecimento aos executores de informações essenciais à consumação dos crimes. Os crimes foram praticados mediante promessa de recompensa e por motivo torpe".
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