O ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, afirmou nesta terça-feira (7/5) que entrará com uma representação na Polícia Federal (PF) e na Advocacia-Geral da União (AGU) para identificar criadores de fake news sobre a tragédia no Rio Grande do Sul. Em um áudio distribuído à imprensa, durante a sala de situação, reunião ocorrida no Palácio do Planalto, ele defendeu ser preciso prender os responsáveis.
Ele apontou ainda que "bandido é bandido", não importando se tratar de "parlamentar ou empresário" e mencionou relatos de estupros em abrigos, saques em residências e roubos de jet ski e barcos.
Em coletiva a jornalistas no Palácio do Planalto, o ministro afirmou estar indignado com a situação. "Acho que é uma sacanagem. Tem gente trabalhando 24 por dia, quatro dias sem dormir. As pessoas colocando a vida em risco para salvar enquanto isso tem uma indústria de fake news alimentada por parlamentares, por influencers, por pessoas que se dedicam a atrapalhar o esforço que está sendo feito para salvar vidas”.
Pimenta ainda usou a expressão “quinta coluna” para se referir aos criminosos.
“Acredito que se é verdade que estamos numa guerra e essa guerra nesse momento tem como objetivo principal encontrar pessoas que ainda estão ilhadas e ter força suficiente para poder apoiar milhares de pessoas que perderam tudo, que estão em abrigos, quem age contra nós deve ser tratado como quinta coluna. É essa a palavra que a gente usa para os traidores de tempo de guerra. E quinta coluna tem que ser tratado como criminoso”.
O ministro ressaltou que a divulgação de notícias falsas está sendo prejudicial ao esforço realizado no estado do Rio Grande do Sul. "Não é tolerável, não é possível que a gente possa aceitar que no meio de um grande esforço como esse, de união, com milhares de pessoas voluntárias trabalhando a gente assista pessoas disseminando mentiras, gente fazendo saques em residências de pessoas que tiveram que sair de casa, gente roubando barcos que estão sendo utilizados em resgates, gente roubando jet ski, não é possível que a gente possa assistir a tudo isso calado. É preciso que haja um reforço de forma exemplar, identificar e responsabilizar quem está cometendo o crime, seja ele no ambiente digital, seja no dia a dia, em quem está atrapalhando nosso trabalho", emendou.
"Qual o objetivo de uma pessoa que tem um cargo público se dedicar para disseminar mentiras, desinformação sobre distribuição de donativos, possibilidade de transporte de oxigênio, situações que envolvem hospitais, colocando em risco a vida de pessoas com a mentira que está sendo disseminada? Está na hora da gente dar um basta nessa história e para isso vou fazer uma representação para que a PF e AGU possa identificar os criminosos e tomar as providências necessárias".
"Não podemos permitir qualquer tipo de conduta dentro desses espaços que não esteja sintonizado com esse esforço de solidariedade, de fraternidade e de união que o Brasil precisa e quem não entender isso precisa responder pela atitude que está tendo, está em desacordo com aquilo que o Brasil precisa", concluiu.
Ofício
O ofício chamado Impacto da Desinformação sobre as Instituições e Credibilidade do Estado no Atendimento às Crises - Pedido de Providência foi enviado aos cuidados de Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça e Segurança Pública.
"Destaco com preocupação o impacto dessas narrativas na credibilidade das instituições como o Exército, FAB, PRF e Ministérios, que são cruciais na resposta a emergências. A propagação de falsidades pode diminuir a confiança da população nas capacidades de resposta do Estado, prejudicando os esforços de evacuação e resgate em momentos críticos. É fundamental que ações sejam tomadas para proteger a integridade e a eficácia das nossas instituições frente a tais crises", aponta o documento.
Entre os onze exemplos de veiculadores de fake news nas redes sociais, Pimenta citou o influenciador Pablo Marçal e o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG) por alegarem nos conteúdos replicados que o governo estaria "barrando doações". O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) também foi mencionado por ter criticado a ajuda do governo federal, ao mencionar que o mesmo "levou quatro dias para enviar reforços à região".
Pimenta solicitou que "providências cabíveis" sejam tomadas e citou que isso reforçaria a "credibilidade e capacidade operacional das instituições em momentos de crise". O documento foi remetido por Lewandowski à Polícia Federal.