Cotados para disputar a Presidência da República em 2026, os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), subiram ao palco da Marcha para Jesus nesta quinta-feira, 30, mas evitaram sair do script religioso. No evento evangélico, foram discretos sobre temas políticos e apostaram em passagens bíblicas.
O tom comedido de Tarcísio e Caiado destoa do usado por políticos em outras edições da marcha. Em 2022, o então presidente Jair Bolsonaro fez do palco um púlpito para comemorar números da economia, além de atacar adversários de esquerda. Em 2019, o mesmo Bolsonaro se lançou como candidato à reeleição no evento. Anos antes, em 2015, o ato confundiu-se com uma manifestação contra o governo da presidente Dilma Rousseff.
Já na edição de hoje, a fala do governador Tarcísio se confundiu com uma pregação. O discurso foi marcado por referências bíblicas, com um tom motivacional em que o político se incluiu como parte do público evangélico. "Temos de nos lembrar que fomos escolhidos por Deus por causa da sua graça e misericórdia", afirmou ao público presente na região do Campo de Marte, na zona norte de São Paulo.
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Com postura de pastor, Tarcísio pediu em tom fervoroso que os fiéis respondessem suas falas com "amém" e que continuassem orando pelos dirigentes do Brasil. O governador frisou que a Marcha para Jesus é o maior evento religioso do País e encerrou o discurso "abençoando" o público: "Deus abençoe São Paulo, o Brasil e cada um de vocês".
Enquanto o governador evitou falar sobre outras figuras políticas, o apóstolo Estevam Hernandes, organizador do evento, resgatou o nome de Jair Bolsonaro ao se referir a ele como "nosso presidente". Na introdução para chamar Tarcísio ao palco, disse lembrar de quando o ex-presidente sugeriu que o líder religioso apoiasse o nome do governador na última disputa eleitoral. "Identificamos um grande homem de Deus", afirmou, referindo-se ao líder do Executivo paulista.
A presença do governador de Goiás também foi comemorada pelo apóstolo. Ao subir ao palco, Caiado acenou aos evangélicos com o discurso de preservação da família, segurança pública e combate às drogas. No entanto, sem menções a temas mais polêmico ou referências diretas à política.
Outros políticos ligados ao eleitorado evangélico também marcaram presença. Entre eles, o presidente nacional do Republicanos e bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, Marcos Pereira. "A futura governabilidade do País passará pelas mãos de Tarcísio e Caiado", disse o parlamentar, primeiro vice-presidente da Câmara e provável candidato à sucessão de Arthur Lira em 2025.
Vereadores, deputados e representantes do Executivo participaram de um momento em que os líderes evangélicos oraram por eles, reforçando o forte elo entre o discurso político e religioso.
Governo
Do lado do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o representante enviado foi o ministro-chefe da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, que é evangélico. Ele entregou uma carta de Lula a Estevam Hernandes na qual o presidente diz que a igreja desempenha um "papel vital" no compromisso de construir um país mais "justo e inclusivo" e que norteia as ações do governo federal.
Lula foi convidado ao ato, mas pelo segundo ano seguido, não compareceu. Ano passado, o ministro da AGU também foi o responsável por ler o texto do presidente e enfrentou forte coro de vaias. Este ano, Messias não discursou ao público.
Prefeitura
De olho na eleição municipal, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que é católico, já havia feito uma aparição mais cedo. Ao subir no trio elétrico rodeado por fiéis disse amar Jesus Cristo. Ao longo da tarde, o político, chamado de "servo de Deus" por Estevam, teve mais duas participações no evento. Em uma delas, se juntou a uma atração gospel e cantou um pequeno pedaço de uma música evangélica.
Na sequência, fez um discurso rápido em que comemorou a realização da Marcha e disse que o evento "abençoaria São Paulo, o Brasil e o Mundo". Nunes encerrou a breve fala com um "viva, Jesus".
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