Os municípios gaúchos afetados pela tragédia climática que assola o Sul do país já contabilizam mais de R$ 9,5 bilhões em prejuízos financeiros — o setor de habitação privada é o mais afetado. De acordo com levantamento divulgado, nesta quinta-feira, pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), serão necessários ao menos R$ 4,6 bilhões para reconstruir as moradias inundadas.
Os dados ainda são preliminares e o valor das perdas aumenta a cada atualização do boletim divulgado periodicamente pela entidade. O ministro das Cidades, Jader Filho, convocou para esta sexta-feira uma reunião com representantes de municípios do Rio Grande do Sul que foram afetados pelas chuvas e enchentes. O objetivo do encontro é levantar as necessidades das prefeituras para auxiliar as famílias que perderam suas moradias.
Ao menos 97,3 mil habitações sofreram danos, enquanto outras 9,2 mil foram completamente destruídas, somando 106,5 mil casas afetadas. Pesquisadores alertam que algumas cidades podem até mesmo ter de mudar de lugar.
A pasta disponibilizou um formulário digital para levantamento de necessidades dos municípios atingidos. O documento servirá como ponto de partida para o planejamento do governo voltado à reestruturação. Nele, entes municipais poderão inserir as estimativas iniciais de demanda habitacional. Essas informações serão usadas como base para o mapeamento das soluções.
Jader Filho enfatizou que o fornecimento de dados por parte das prefeituras é fundamental para orientar as ações a serem tomadas pela pasta, como medidas de reconstrução dos municípios gaúchos. "Nesse diálogo com os prefeitos, queremos que eles encaminhem ao Ministério das Cidades quantas casas são necessárias aos seus municípios", explicou.
"Nós também disponibilizaremos recursos para novos projetos de drenagem e de contenção de encostas para deixar as cidades do Rio Grande do Sul adaptadas, resilientes, preparadas para futuros problemas ambientais, como esses que aconteceram recentemente", emendou.
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Entre as informações que podem ser enviadas no documento, estão dados sobre a quantidade de imóveis destruídos total ou parcialmente nas áreas urbanas e rurais dos municípios, renda média mensal das famílias atingidas diretamente, entre outras.
As ações anunciadas pela pasta, no âmbito do programa Minha Casa, Minha Vida, preveem a compra assistida de imóveis usados e de imóveis em leilão e a aquisição pelo governo de moradias à venda pelas construtoras, em diferentes fases de conclusão das obras.
Falta de dados
O cenário de dados dos municípios no momento está tão turvo quanto as águas que invadiram as casas. Foi o que alertou o diretor de operações do Grupo Brugnara, Magnus Brugnara. "Essa ausência de informações torna mais difícil a tomada de decisão e esse é um problema histórico, não é algo novo, diretamente ligado a essa catástrofe ou esse episódio. Neste caso, seriam essenciais os dados sobre o deficit habitacional", avaliou.
Para o CEO do grupo, Wander Brugnara, a situação do estado mostra que o investimento em tecnologia deve estar entre as soluções para a crise climática, pois uma gestão de dados mais eficiente pode garantir agilidade maior em casos de desastres.
"Está claro que é essencial modernizar os sistemas de gestão municipal, tornando-os integrados e interoperáveis, permitindo assim uma coordenação eficaz entre diferentes departamentos e agências governamentais", apontou.
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