Canoas (RS) — O ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, foi, sexta-feira (10/5), ao Rio Grande do Sul e disse que o governo federal está atuando para garantir o abastecimento de eletricidade e combustíveis no estado arrasado pelas chuvas.
Logo após desembarcar na Base Aérea da Força Aérea em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre, o ministro concedeu uma entrevista exclusiva ao Correio, na qual falou sobre as ações na resposta à crise climática e a conversa que teve com o papa Francisco em Roma sobre a crise no estado gaúcho.
Qual é a situação do abastecimento no RS?
Temos 4 mil homens mobilizados, em torno de 1.300 equipes. Chegamos a 560 mil clientes sem energia no Rio Grande do Sul, agora estamos em torno de 370 mil, ou seja, a falta de luz atingiu quase 2 milhões de pessoas, mas já reduzimos para 1,2 milhão de pessoas ainda sem fornecimento, nas regiões de alagamento.
Quando vamos retomar o abastecimento de energia no RS?
Algumas regiões foram completamente dizimadas, alguns pontos específicos, em especial na zona rural, vamos ter que reconstruir boa parte da rede básica, na Região Metropolitana vemos que, à medida que a água permanece nos níveis de hoje, a rede de média e de baixa tensão perde, cada vez mais, alguns ativos. Mas nossa grande preocupação, pela orientação do presidente Lula, é com as pessoas, com mobilizar, e planejar bem para executar o mais rápido possível toda a recuperação do setor elétrico.
E o fornecimento de combustíveis?
Descemos aqui na base aérea de Canoas, que tem sido o coração nevrálgico do socorro à população do Rio Grande do Sul, com todas as aeronaves abastecidas aqui. Depois do alagamento do Aeroporto Salgado Filho. O brigadeiro Damasceno vem fazendo o planejamento com a Fraport para que, o mais rápido possível, se tragam os equipamentos de segurança para esse aeroporto, que vai continuar sendo, por um bom tempo, o coração da operação de socorro de todo o estado. Por isso, eu vim tratar para que não tenha nenhum risco de faltar suprimento de QAV (querosene da aviação).
Pode faltar combustível no RS?
Só teremos dificuldade onde não tem acesso rodoviário, e não tem gasoduto, ou oleoduto. Em todos os locais onde temos o acesso rodoviário, o ministro Renan, desde a primeira hora, está presente no RS com o Dnit, trabalhando para recuperar as estradas. Mas estamos também, em cima desse planejamento, a gente vai vistoriar a Refap, que é a maior responsável pelo envasamento de gás de cozinha no estado do Rio Grande do Sul, e ela continua operando dentro da normalidade.
Essa unidade não foi atingida, mas é importante um planejamento de médio prazo, porque continua chovendo no estado. Estamos mobilizados, tanto no transporte dos funcionários (da refinaria) quanto dos veículos necessários para o abastecimento do suprimento, com atenção à possibilidade de novos trechos e novas interrupções, como tem relatado o ministro Renan na Sala de Situação. A perspectiva não é boa para essas áreas que comprovadamente, com uma tragédia desse porte pluviométrico, são muito suscetíveis ao alagamento.
A perspectiva não é boa?
A perspectiva não é boa para essas áreas que comprovadamente, com uma tragédia desse porte pluviométrico, são muito suscetíveis ao alagamento. Em algumas áreas no sul do estado e na região metropolitana está muito identificado esse nível de risco em meio à tragédia.
Quando o presidente veio ao estado, o senhor estava em Roma?
Eu estava em Roma falando sobre transição energética justa e inclusiva com o Papa Francisco, e essa catástrofe veio, mais uma vez, demonstrar a importância de fazermos o debate internacional da transição energética, precisamos realmente caminhar para um mundo mais sustentável.
O senhor conversou com o Papa sobre a crise no RS?
Conversamos sobre a tragédia em que estávamos ali quando começou a crise no RS. O papa foi muito enfático em destacar que o Brasil, no G20, e na COP30, terá uma grande oportunidade, sob a liderança do presidente Lula, de fazer o debate da transição energética. De uma forma ou de outra, os países ricos industrializados vão ter que se sensibilizar e vão ter que entender que nós vivemos num único ecossistema no mundo. O Brasil também tem que se equilibrar entre a sustentabilidade e o desenvolvimento econômico.
Como está a relação com a ministra Marina (Meio Ambiente)?
Eu vivo em paz com a ministra Marina, eu sou um admirador da ministra Marina. O que a gente tem que buscar são pontos de vista diferentes, mas o que não nos distancia na questão central, que é a sustentabilidade, de pontos de vista diferentes. Não vamos alcançar o objetivo de um mundo mais sustentável, um mundo mais justo, se a gente não fizer uma discussão internacional sobre como nós vamos valorizar as nossas florestas em pé, como vamos equilibrar os investimentos para a transição energética, se forem só nos países desenvolvidos? Então, nós temos convergência nisso. Vou citar aqui um ponto específico, margem Equatorial, não tem nenhum problema em tratar desse assunto, lá colocaram algumas condicionantes e a Petrobras tem que cumprir todas.
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