segurança pública

Após 50 dias e 1.600km em fuga, a volta à cadeia

Deibson Cabral e Rogério Mendonça usaram até barco na escapada. Detidos no Pará, eles voltarão ao presídio de Mossoró

Cinco estados, 1.600 quilômetros de distância percorrida e uma viagem de barco. Foi com esse roteiro que Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento passaram 50 dias longe dos olhos da Justiça, após fugirem da penitenciária federal de Mossoró (RN). Eles foram recapturados nesta quinta-feira, em uma ação conjunta da polícia em Marabá (PA) e voltarão ao presídio potiguar.

A dupla escapou do presídio em 14 de fevereiro — foi a primeira fuga registrada em um presídio federal desde a sua criação, em 2006. Os criminosos saíram do Rio Grande do Norte e cruzaram três estados — Ceará, Piauí e Maranhão — até serem encontrados em Marabá.

As buscas envolveram cães farejadores, helicópteros, drones e outros equipamentos tecnológicos sofisticados, além de mais de 600 homens, incluindo Força Nacional, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal (PRF) e polícias Civil e Militar.

Segundo o inquérito, a dupla contava com uma rede de apoio mobilizada pelo Comando Vermelho, facção criminosa à qual pertencem. Em um primeiro momento, Rogério e Deibson cooptaram moradores pelo crime organizado.

Depois da fuga, veículos foram usados para transportá-los por 34 quilômetros, até Baraúna, para que saíssem do Rio Grande do Norte. Assim como Mossoró, a cidade é ligada pela estrada RN-015, onde fica o presídio, e fica próxima à divisa com o Ceará.

Durante a escapada, Deibson e Rogério invadiram três casas e fizeram reféns. Os detentos deixaram pistas em diferentes pontos. O primeiro foi na comunidade Rancho da Caça, onde ocuparam uma residência. Depois, deixaram uniformes da prisão e outros itens para trás na Serra do Mossoró.

Também foram encontrados pegadas de sapatilhas semelhantes às usadas pelos internos no presídio e objetos que pertenceriam à dupla — segundo a PM, duas camisas e uma rede.

Em uma outra casa, na localidade conhecida como Riacho Grande, Rogério e Deibson fizeram um casal refém. Eles ainda viajaram de barco por seis dias partindo da cidade Icapuí (CE) até chegar ao Pará. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, acredita que eles pretendiam seguir para o exterior.

Na recaptura, os condenados estavam no que o ministro chamou de "comboio do crime", formado por três carros em uma rodovia federal do Pará. Eles foram abordados por agentes da PRF e da PF por volta das 13h. Ao todo, seis pessoas foram presas — uma delas portava uma submetralhadora.

Buraco na cela

Rogério e Deibson fugiram após abrirem passagem no teto por um buraco atrás de uma luminária. Eles cortaram duas cercas de arame usando ferramentas de uma obra que ocorria no local.

Eles respondem a mais de 30 processos por homicídio, roubo, tráfico de drogas e organização criminosa em Rio Branco, no Acre. Foram transferidos para Mossoró após participar de uma rebelião no presídio, que resultou na morte de cinco detentos, três deles decapitados.

Nesta semana, o Ministério da Justiça e Segurança Pública disse não ter encontrado indícios de corrupção na fuga deles, mas processou 10 servidores.

 

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