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Freixo diz que desfecho do caso Marielle é chance para Rio 'virar uma página'

Presidente da Embratur defendeu, em entrevista ao Correio, que o caso representa possibilidade inédita de dissolver a relação entre crime, polícia e política no estado

Os mais recentes desdobramentos do caso Marielle representam uma chance para o Rio de Janeiro “virar uma página” e desfazer a atual relação entre crime, polícia e política no estado. Quem afirma é o presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), Marcelo Freixo.

Ao CB.Poder — parceria entre Correio e TV Brasília — desta quarta-feira (3/4), o ex-deputado federal reconheceu a importância da atuação da Polícia Federal no caso da morte da vereadora, em 2018, e defendeu a política como meio para a realização de mudanças na realidade do Rio e no combate à atuação das milícias.

“É hora de virarmos uma página importante no RJ. Diante desse caso da Marielle, nada vai trazê-la de volta, que é o que a gente queria, mas temos a chance de virar uma página para fazer com que crime, polícia e política possam não representar a mesma coisa. São coisas diferentes, não podem representar uma coisa só e misturados, como aconteceu ao longo do tempo”, defendeu.

Freixo destacou a importância da atuação da Polícia Federal no caso, e atribuiu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva o mérito de dar a autonomia para que a PF investigasse o caso. Segundo ele, o progresso da investigação, no último ano, frustrou a certeza de impunidade dos envolvidos no crime.

“A Polícia Federal assume o caso depois de cinco anos e, em um ano, consegue duas delações, consegue a produção de provas, consegue um relatório que chega até gente muito poderosa. A um membro do Tribunal de Contas (Domingos Brazão), a um deputado federal (Chiquinho Brazão) que era vereador junto com a Marielle, na época, e ao então chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro. Então, chega a gente muito poderosa que, ao que tudo indica, estava sendo protegida nas investigações anteriores”, apontou.

Milícias

Problema estrutural do RJ, a atuação das milícias também foi abordada durante a entrevista. Freixo, que teve um irmão assassinado por milicianos no Rio em 2006, defendeu a necessidade de se combater esses grupos por meio da política, caminho, segundo ele, para que as coisas mudem no estado.

“É na política que se muda as coisas. Não se pode achar que você governa com o crime. Quem governa com o crime é governado pelo crime. Foi assim no mundo inteiro ao longo da história. Então, a gente precisa separar. A milícia nasce do poder, e é quando a política se utiliza da polícia para dominar território, para ganhar dinheiro no território e construir, nesse território, um domínio eleitoral. A milícia tem uma natureza de máfia, que já existiu na Itália, na Colômbia e em tantos lugares, e é uma ameaça à democracia. Eles matam políticos, matam juízes e vão continuar matando se você não enfrentar a milícia politicamente e judicialmente”, defendeu.

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*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro

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