O Ministério da Justiça e Segurança Pública concluiu que não houve corrupção nas fugas de Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento, do presídio de segurança máxima de Mossoró, em 14 de fevereiro. Porém, a Corregedoria-Geral da Secretaria Nacional de Políticas Penais da pasta reconheceu que houve falhas na segurança e afirmou que foi elaborado um relatório no qual são apontados 10 servidores, que serão responsabilizados judicial e administrativamente.
A investigação do ministério concluiu que houve "falhas nos procedimentos carcerários de segurança". E instaurou três processos administrativos disciplinares contra servidores do presídio. "Há o indicativo de que houve falhas nos procedimentos carcerários de segurança. Devido a isso, foram instaurados três Processos Administrativos Disciplinares (PADs) envolvendo 10 servidores", afirmou a corregedora-geral do ministério, Marlene Rosa
Ela acrescentou que "outros 17 servidores assinarão Termos de Ajustamento de Conduta (TAC), no qual se comprometem com uma série de medidas — entre as quais, não podem cometer as mesmas infrações e terão de passar por cursos de reciclagem".
Porém, as investigações sobre a fuga continuarão. "A íntegra do relatório não será divulgada para não prejudicar a nova investigação e os procedimentos correcionais que estão sendo instaurados", afirma a corregedoria.
A fuga dos dois detentos, que são ligados à facção criminosa Comando Vermelho, é o grande desgaste da gestão de Ricardo Lewandowski à frente do ministério. O ministro deslocou aproximadamente 500 homens para o Rio Grande do Norte, onde empreenderam uma caçada a Rogério e Deibson — e não se encontrou nada além de provas inconsistentes sobre o rumo que tinham tomado.
"Cercados"
Em 13 de março — quase um mês depois da fuga da dupla —, Lewandowski concedeu uma entrevista, em Mossoró, afirmando que Rogério e Deibson estavam "cercados". "É muito positivo o fato de que não conseguiram escapar desse perímetro, estão cercados. Não fossem as forças, teriam se evadido para outros estados e até a centenas de quilômetros", disse o ministro, dando a entender que a captura dos foragidos era questão de pouco tempo. Até ontem, os dois não tinham sido encontrados.
Para coroar o fracasso da operação de busca a Rogério e Deibson, a Força Nacional encerrou, na sexta-feira passada, a participação na perseguição aos dois. O ministério não prorrogou a permanência dos agentes sob a justificativa de que mudaria a estratégia para encontrá-los, "de intensificação e concentração de esforços na investigação e na atividade de inteligência".
Deibson e Rogério estavam em Mossoró desde setembro de 2023 e foram os primeiros a conseguir fugir de uma penitenciária federal de segurança máxima. A ousadia da escapada começa pela descoberta do ponto pelo qual os dois escaparam das celas que ocupavam — o local na parede onde estava instalada a luminária.
Os dois aumentaram o buraco sem chamar a atenção dos agentes penitenciários. Para a escapada, Deibson e Rogério perderam peso para poderem passar pela abertura na parede, que dava acesso a uma laje. Dali, alcançaram uma obra que estavam sendo realizada no presídio e fugiram.
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