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Análise: Lula corre maratona, e não cem metros

Neste terceiro mandato, presidente governa com um olho no futuro e outro no retrovisor

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Lula: "Se optar pela velha briga, você não governa" - (crédito: Foto: Ricardo Stuckert / PR)

O presidente Lula governa neste terceiro mandato com um olho no futuro e outro no retrovisor. Para o fim da segunda passagem pelo Planalto, projeta uma economia com mais distribuição de renda e respirando sem a ajuda de aparelhos. Do passado, traz as lições de quem viveu todos os problemas de hoje e mais um pouco, entre 2003 e 2010. Afinal, enfrentou várias crises. A do mensalão, em 2005, sobre financiamento de campanha; a financeira, de 2008, que eclodiu nos Estados Unidos e afetou o mundo todo mas, no Brasil, não provocou muitos estragos (o Petrolão estourou no governo Dilma).

Por essas e outras, ao contrário de muitos recém-chegados e afoitos por popularidade e resultados imediatos, Lula mantém o otimismo e diz considerar "dentro da normalidade" muita coisa que alvoroça os congressistas. "Se optar pela velha briga, você não governa", disse no café com jornalistas.

Lula e sua equipe chegaram com meia hora de atraso. Antes de fazer a sua fala inicial, o ministro da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta, deu uma “chamada” na imprensa. Disse que era preciso "qualificar a relação". Referia-se ao fato de, no lançamento do programa que pretende conceder milhões em empréstimos a pequenos empresários, o destaque não foi a medida, e, sim, a "brincadeira" que o presidente fez com seus ministros, sobre a articulação política. "Não pode nem brincar mais?", perguntou Pimenta.

Lula, porém, foi mais leve ao se referir à solenidade do dia anterior. Lembrou do tempo em que se incomodava com manchetes criticando o PT e emendou: "Se não quiser manchete negativa, não tem que dar pretexto. É preciso pensar no que vai falar", frisou, amenizando o que havia sido dito pelo ministro.

Foi Pimenta que, ao fim da entrevista, citou as pesquisas de opinião do passado, que mostram um Lula, em 2004, com popularidade na casa dos 34% e, em 2010, deixando o governo com um índice de popularidade superior a 80%, quando elegeu Dilma Rousseff — a ministra da Casa Civil que nunca havia disputado um mandato eletivo.

Lula observa esses números com carinho quando olha pelo retrovisor. É com base neles que o presidente projeta um otimismo nunca visto, quando se refere ao futuro de seu governo. Mesmo com todas as mudanças e ruídos na relação política, por exemplo, a negociação das emendas ao Orçamento, ele confia que soube superar as crises do passado. A ponto de ser eleito depois de um período na carceragem da Polícia Federal. E saberá resolver as que vêm pela frente, com diálogo em todos os setores. Mostra-se especialmente animado quando fala dos investimentos prometidos por empresários que o visitam. Carlos Slim, da área de telecomunicações, por exemplo, acena com R$ 40 bilhões.

Com o foco no fim de seu governo, colocando em segundo plano os problemas do meio do caminho, só fugiu de duas perguntas. A primeira, foi quando perguntado sobre a conversa com o presidente da Câmara, Arthur Lira. Disse que não revelaria, porque não havia sido uma reunião, e, sim, uma conversa "entre dois seres humanos". Ele já havia respondido à pergunta sobre as greves no serviço público quando insistimos em mais uma, sobre emendas parlamentares. "Eu não discuto isso, querida". Eis que o ministro Pimenta completa: "Vamos deixar algum tema para o próximo café".

 

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postado em 24/04/2024 03:55
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