A eleição em Recife deste ano marca a reconciliação da família Campos-Arraes. Marília Arraes (Solidariedade), neta do ex-governador Miguel Arraes (PSB), e o atual prefeito da capital pernambucana, João Campos (PSB), bisneto do ex-governador, selaram a reconciliação com a declaração de apoio, nesta terça-feira (2/3), de Marília à reeleição de Campos à prefeitura recifense.
A ex-deputada federal, candidata, à época pelo PT, para a prefeitura de Recife em 2020, enfrentou o primo de segundo grau em uma disputa acirrada que tornou público o histórico de embates familiares, elevando os ânimos, o que garantiu que não faltassem ataques, de parte a parte, há quatro anos.
Marília chegou a chamar o primo de "frouxo" pelo X (antigo Twitter) acusando de se esconder atrás da vice, Isabella de Roldão (PDT). "João Campos é frouxo, colocou a vice para criticar as nossas propostas. Se o candidato quiser, crie coragem e venha debater o Recife", disse, à época, candidata.
Agora, no anúncio do apoio a Campos, Marília ponderou que “política do rancor ou do retrovisor não tem espaço”, reiterando a aliança com o pré-candidato à reeleição e a reunião da família no mesmo objetivo político. A relação entre os dois estava em processo de melhora, em 2022 por exemplo, o primo apoiou Marília no segundo turno na disputa pelo governo do Estado, contra a atual governadora Raquel Lyra (PSDB).
Em nota, Marília ressaltou o apoio dado à reeleição do prefeito. “Hoje, anunciamos o apoio à reeleição do prefeito João Campos e fazemos isso de onde sempre estivemos: ao lado do povo. O que importa é a soma de esforços para multiplicar os resultados que o Recife começou a apresentar. Mais do que uma aliança política, esta é uma união pelo Recife e por nossa gente”, disse a ex-deputada na nota.
Clã Campos-Arraes
A família Campos-Arraes se tornou um dos mais importantes clãs da política nacional. Com uma força política inegável em Pernambuco, os descendentes do ex-governador Miguel Arraes estão na quarta geração na política pernambucana.
O patriarca do clã Arraes entrou na política nas eleições de 1951, elegendo-se deputado estadual. Já em 1960 virou prefeito do Recife e, em 1962, governador de Pernambuco. Deposto pelo regime militar, foi preso em Fernando de Noronha por mais de um ano, e quando solto, partiu para o exílio.
Voltou ao Brasil só em 1979, com a anistia, e foi novamente eleito para três mandatos de deputado federal e dois como governador, em 1986 e em 1994, se tornando um dos nomes mais fortes da política pernambucana.
João Campos, é filho de Eduardo Campos, que era filho de Ana Arraes Campos e neto de Miguel Arraes. Eduardo, que também governou o Estado quando era candidato à presidência em 2014, morreu em um acidente aéreo.
Já Marília Arraes era prima em primeiro grau de Eduardo, foi deputada federal, começou na militância política em 2005, no PSB, partido controlado no estado pelo clã Arraes. Depois de disputas com os primos, em 2016, migrou para o PT, onde permaneceu até 2022, migrando depois para o Solidariedade.
Foi secretária de estado da juventude de 2007 a 2008 e vereadora em Recife até 2019, quando se elegeu deputada federal pelo PT. Concorreu à prefeitura da capital pernambucana em 2020 e ao governo do estado em 2022.
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