Na lembrança dos 60 anos do golpe militar, a Comissão de Anistia aprovou nesta quarta-feira (3/4) a condição de anistiada política a publicitária Clarice Herzog, que foi perseguida pela ditadura por sua luta pelo esclarecimento das circunstâncias da morte do marido, Vladimir Herzog. O jornalista morreu nasmãos do Estado, num suicídio simulado pelos agentes da repressão, no Doi-Codi, em São Paulo, em outubro de 1975. Ele havia comparecido ao local de forma espontânea, para depor sobre sua relação com o Partido Comunista Brasileiro (PCB), e saiu de lá morto.
Por unanimidade, a comissão aprovou também o pedido de perdão e desculpas do Estado por essa ação contra Clarice, que deixou o país com Herzog quinze dias após o golpe. Se tratou de um auto-exílio do casal, pelos riscos que o jornalista corria após a implantação da ditadura. Eles retornaram de Londres três anos depois.
Ivo Herzog, presidente o instituto que leva o nome do pai esteve presente e se emocionou. Ele e o irmão André nasceram no exílio.
"Na noite daquele 25 de outubro de 1975,minhamãe recebeu a visita de dois diretores da TV Cultura (onde Herzog trabalhava). Antes que dissessem alguma coisa, ela se antecipou e disse: 'mataram o Vlado' (como era conhecido). No sepultamento, numa demonstração da força dessa mulher, agentes da repressão tentaram apressar o enterro. Com toda força dos seus pulmões, aos 34 anos, viúva, ela se pôs diante dos funcionários do hospital e não deixou que ele fosse enterrado até queminha avó chegasse ao cemitério", contou Ivo na comissão.
Pela perseguição, Clarice terá direito a uma reparação econômica, numa prestação única de R$ 100mil.
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