Reunião

Macron cita 8 de janeiro e elogia Lula pelo fortalecimento da democracia

Em reunião de cerca de duas horas, dois presidentes assinaram vários acordos Lula e Mácron trocam elogios e homenagens e defenderam a democracia

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente francês, Emmanuel Macron, anunciaram, nesta quinta-feira (28/3), no Palácio do Planalto, que os dois países reforçaram a parceria bilateral estratégica e que a França deve apoiar o Brasil na campanha para a reforma da governança global, que inclui mudanças no número de assentos permanentes no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), assim como na agenda para aumentar a tributação dos super ricos. Macron, por sua vez, não deixou de citar os ataques contra a democracia em 8 de janeiro.

Lula ressaltou que o presidente francês apoia a “mensagem inequívoca de reforma da governança global” e maior tributação dos super ricos, por meio da tributação progressiva no âmbito do G20, grupo das 19 principais economias desenvolvidas e emergentes do planeta mais a União Europeia (UE). Segundo o chefe do Executivo brasileiro, ambos debateram grandes dilemas em todo o mundo. “A democracia está à sombra do extremismo”, frisou.

Macron rasgou elogios ao presidente Lula, mencionou a destruição da Praça dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023, e assegurou que tem interesse em inaugurar um novo capítulo da parceria estratégica entre os dois países. “Entre as mais importantes que assinamos, porque temos um território francês na Amazônia, que é a Guiana, é o estatuto de intercâmbio entre os dois países e o aumento da parceira na luta contra o crime na fronteira (do Brasil) com a Guiana e contra o garimpo ilegal”, afirmou.

Os chefes de Estado estiveram reunidos por mais de duas horas no Palácio do Planalto, e assinaram mais de 20 atos formais em várias áreas como bioeconomia, defesa, agricultura, cultura e transição energética. Entre os acordos, destaca-se o da renovação do plano de ação de parceria estratégica entre os dois países, chamado de Mapa do Caminho, que orienta as principais medidas bilaterais e como implementá-las. “Sempre estarei ao seu lado em todos os projetos que Lula levar ao G20”, garantiu o mandatário francês ao finalizar o discurso.

Durante a sua fala, Macron anunciou a liberação de 1 bilhão de euros para financiar projetos de proteção das florestas da Guiana e da Amazônia. “Vamos trabalhar em uma dupla missão para desenvolver uma bioeconomia que permita atividades econômicas sustentáveis dos dois lados e de forma inclusiva”, afirmou.

Macron ainda contou que voltará mais vezes para o Brasil: em novembro para a cúpula do G20, presidido pelo Brasil, e em 2025 para participar da 30ª Conferência sobre Mudanças Climáticas da ONU, a COP 30.

 

 

Condecoração

Durante a cerimônia, Lula condecorou Macron com o colar da ordem do Cruzeiro do Sul, criada em 1932 para reconhecimento de estrangeiros e é a mais alta honraria da diplomacia brasileira. O presidente francês, por sua vez, disse que, como Lula já tem a maior honraria francesa, a Insignia da Ordem da Legião de Honra no Grau de Oficial, e por conta disso, condecorou a primeira-dama, Rosangela Lula da Silva, a Janja.

Hoje é o terceiro e último dia da viagem de Macron ao Brasil. Ele passou por Belém, Rio de Janeiro e São Paulo antes de chegar ao Distrito Federal. Mais tarde, o presidente francês terá encontro com o presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Na agenda de Macron não está incluída a visita às sedes dos Três Poderes, porque o Supremo Tribunal Federal (STF) está fechado em virtude do feriado de Páscoa.

De acordo com informações do Itamaraty, as relações franco-brasileiras apoiam-se em firmes laços históricos. A França foi o primeiro país europeu a reconhecer a independência brasileira, em 1825, estabelecendo importantes vínculos políticos, culturais e econômicos com o Brasil. O Presidente Lula realizou visita à França em junho de 2023, por ocasião da Cúpula por um Novo Pacto de Financiamento Global.

O país europeu ocupa a posição de 3º maior investidor no Brasil, pelo critério de controlador final, com cerca de US$ 38 bilhões investidos, de acordo com dados do Banco Central. Em 2023, a corrente de comércio bilateral alcançou US$ 8,4 bilhões, com US$ 2,9 bilhões de exportações brasileiras.

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