A visita de Estado do presidente francês ao Brasil, Emmanuel Macron, marca a reaproximação entre os dois países. Nesta quinta-feira (28/3), terceiro dia da viagem do estadista francês ao país — que passou por Belém, Rio de Janeiro e São Paulo —, foi a vez de Macron e Lula se encontrarem na capital federal.
O encontro estava previsto para as 11h30, mas Macron subiu a rampa do Palácio do Planalto com pouco mais de uma hora de atraso, às 12h45, depois de caminhar pela praça dos Três Poderes. Ele foi recepcionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela primeira-dama Rosangêla Lula da Silva, a Janja na entrada principal para autoridades de Estado.
Em seguida, após o tradicional aperto de mãos para as fotos, os dois presidentes têm uma reunião bilateral que será seguida de uma cerimônia de assinatura de atos formais.
Vários ministros aguardavam a chegada do presidente francês no salão branco do Planalto, como Mauro Vieira (Relações Internacionais), Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação), Marina Silva (Meio Ambiente), José Múcio Monteiro (Defesa), Camilo Santana (Educação), Nisia Trindade (Saúde), Ricardo Lewandowski (Justiça), Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), Esther Dweck (Gestão), Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Rui Costa (Casa Civil).
Por volta das 13h, estava prevista a assinatura de, pelo menos, 20 atos entre os dois países e uma declaração à imprensa na sede do Executivo. O momento foi atrasado devido à demora da chegada de Macron.
Em seguida, ambos seguem para o almoço no Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores (MRE), com autoridades e convidados dos dois países. contudo, mais de 30 acordos foram negociados entre as equipes de Lula e de Macron, de acordo com informações da diplomacia brasileira.
Um dos primeiros acordos anunciados é a renovação do plano de ação de parceria estratégica entre os dois países, chamado de Mapa do Caminho, que orienta as principais medidas bilaterais e como implementá-las. Outros temas das conversas entre os dois chefes de Estado deverão constar a presidência do Brasil no G20 – grupo das 19 maiores economias desenvolvidas e em desenvolvimento do planeta mais a União Europeia – e das reformas das instituições multilaterais.
“Brasil e França têm posições próximas e contamos com o apoio do presidente francês para a candidatura do Brasil ao assento permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU)”, afirmou a embaixadora Maria Luisa Escorel de Moraes, secretaria de Europa e América do Norte do MRE, em briefing para a imprensa na semana passada.
O diálogo bilateral envolve vários temas globais, segundo ela, como as guerras na Faixa de Gaza e na Ucrânia, assim como as polêmicas eleições na Venezuela, onde a principal opositora do ditador venezuelano Nicolás Maduro sequer conseguiu se inscrever para o pleito.
Apesar de o governo francês ter sinalizado que não pretende discutir a paralisação das negociações do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE) durante a visita, o assunto não deverá passar ao largo nas conversas entre os dois presidentes no Palácio do Planalto.
Em São Paulo, Macron foi taxativo, ontem, em afirmar que o acordo entre os dois blocos precisará ser renegociado do zero, após duas décadas de negociações. “O Mercosul é um péssimo acordo como ele está sendo negociado agora. Esse acordo foi negociado há 20 anos. Eu não defendo esse acordo. Não é o que queremos”, declarou.
De acordo com informações do Itamaraty, as relações franco-brasileiras apoiam-se em firmes laços históricos. A França foi o primeiro país europeu a reconhecer a independência brasileira, em 1825, estabelecendo importantes vínculos políticos, culturais e econômicos com o Brasil.
O presidente Lula visitou a França em junho de 2023, por ocasião da Cúpula por um Novo Pacto de Financiamento Global.
O país europeu ocupa a posição de 3º maior investidor no Brasil, pelo critério de controlador final, com cerca de US$ 38 bilhões investidos, conforme dados do Banco Central. Em 2023, a corrente de comércio bilateral alcançou US$ 8,4 bilhões, com US$ 2,9 bilhões de exportações brasileiras.
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